Devido aos estragos provocados pelas fortes chuvas que caem sobre parte do Paraná desde o último sábado (26), o governo do Estado decretou, na tarde desta terça-feira (29), situação de emergência na região leste – que abrange a capital Curitiba e o litoral. Conforme boletim divulgado pela Defesa Civil paranaense à tarde, pelo menos 21 veículos (seis caminhões e 15 automóveis) foram soterrados e duas pessoas morreram após o deslizamento de terra no quilômetro 669 da BR-376, em Guaratuba, ocorrido na noite de segunda-feira (28). As precipitações intensas também afetam a região nordeste de Santa Catarina, principalmente Joinville, a maior cidade catarinense.
Seis pessoas foram resgatadas com vida do desastre na BR-376. Desde a noite de segunda-feira (25), equipes do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Defesa Civil e da concessionária Arteris Litoral Sul estão mobilizadas para prestar atendimentos no local. Contudo, as más condições do tempo dificultam as buscas e a avaliação dos danos.
O número total de mortos e desaparecidos ainda pode aumentar. Segundo a PRF, não há previsão de liberação da BR-376, principal ligação entre Santa Catarina e o Paraná. Além desta, as três rodovias de acesso entre a região metropolitana de Curitiba e o litoral que foram atingidas por deslizamentos de terra tiveram pontos de bloqueio nesta terça-feira, segundo o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER).
No momento, a principal forma de chegar a Curitiba para quem vem de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul é pela BR-116, passando pela cidade de Rio Negro (PR).
A Estrada da Graciosa (PR-410) foi totalmente interditada devido a deslizamento de terra no km 8+100, próximo à Grota Funda, ocorrido nesta terça.
Na BR-277, que liga Curitiba a Paranaguá, foi registrado novo deslizamento de terra no km 41, próximo ao local atingido por queda de rochas em novembro. O trânsito sentido litoral foi totalmente bloqueado, com os desvios sendo realizados pela PRF na altura do km 60, ainda em São José dos Pinhais. As equipes de operação de tráfego rodoviário do DER auxiliam no trecho com sinalização de emergência, orientação ao usuário e disponibilização de serviços de guinchos. Até as 19h, o fluxo sentido Curitiba ainda continuava fluindo em uma faixa, segundo a PRF.
As chuvas intensas também causaram inundações, enxurradas e alagamentos em outros municípios do litoral e da região metropolitana de Curitiba. Um boletim divulgado às 18h pela Defesa Civil mostra que 1.081 pessoas foram afetadas pelas ocorrências em seis municípios, sendo que 557 estavam desalojadas e 24 desabrigadas, e 122 casas foram danificadas.
De acordo com o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), as cidades mais atingidas foram Guaratuba, Antonina, Curitiba, Paranaguá, Guaraqueçaba e Tijucas do Sul. No total, choveu quase 900 milímetros a mais do que a média histórica do mês de novembro na soma de todas essas cidades.
Em Santa Catarina
A chuva forte também castigou os catarinenses nesta terça-feira. Por volta de 19h30min, a PRF recomendou que motoristas evitassem trafegar à noite nas rodovias da região de Joinville e nordeste do Estado devido à chuva forte que caía em diversos pontos do Planalto Norte catarinense.
No início da noite, foram anunciados dois pontos de bloqueio na BR-280 em razão de um deslizamento em São Bento do Sul. Conforme a PRF, não houve vítimas, mas o trânsito foi totalmente interrompido.
Um dos pontos fica no km 84, no trevo de acesso à cidade de Corupá, onde a pista estava interditada no sentido a São Bento do Sul. O outro ponto fica no km 120, no Trevo do Lençol, onde a pista foi interditada no sentido a Corupá.
Por volta de 18h desta terça-feira, o prefeito de Timbó, Jorge Kruger, decretou situação de emergência em todas as áreas afetadas pelas cheias na cidade. No decreto, a prefeitura diz que, além de todos os transtornos e prejuízos causados pelo transbordamento dos rios Cedros e Benedito, "a medida se faz necessária pela imediata intervenção do poder público para recuperar as estruturas e reestabelecer a normalidade."
Ainda na noite de segunda-feira, a prefeitura de Joinville, a maior cidade catarinense, também decretou situação de emergência por causa das chuvas. A cidade enfrenta alagamentos e o município abriu três abrigos. De acordo com a prefeitura, desde sábado, choveu 340 milímetros em Joinville. Esse acumulado é mais do que a média esperada para o mês de novembro, que é de até 190 milímetros, conforme a Epagri/Ciram, órgão estadual que monitora as condições meteorológicas de SC.
As equipes do Governo do Estado de SC seguem mobilizadas no trabalho de monitoramento da situação das chuvas e assistência à população afetada pelos altos volumes que atingem, especialmente, a região nordeste de Santa Catarina. De acordo com a Defesa Civil estadual, a chuva continuará persistente e volumosa até a tarde da quarta-feira (30). A recomendação é de atenção aos alertas emitidos pelos órgãos oficiais do Estado diante do risco de novos alagamentos e deslizamentos.