Esta sexta-feira (25) foi dia de compras para muitos brasileiros que buscavam nos melhores preços e promoções oferecidos pela Black Friday a chance de levar para casa alguns produtos que, na maioria dos casos, frequentam as suas listas de desejos pessoais há muito tempo. Em Porto Alegre, algumas redes de maior porte, como Lebes e Magazine Luiza, anteciparam a abertura das portas para as 7h. Nas Americanas, o acesso teve início ainda antes, às 6h.
Diferentemente de outros anos, não houve filas e aglomerações na madrugada, e, nas primeiras horas do dia, havia mais vendedores do que consumidores no interior dos estabelecimentos. Com o passar do tempo, no horário regular de funcionamento, às 9h, as demais redes abriram as portas e, com isso, o fluxo de compradores foi intensificado.
Artistas de rua, locutores, decoração especial e uniformes moldavam o clima. Mas a atenção dos consumidores estava fixada mesmo em um elemento central: o preço.
Foi assim com o porteiro José Carlos Dávila, 64 anos, que desembolsou R$ 420 em um ventilador e uma fritadeira Air Fryer e celebrava a economia de mais de R$ 140 nos dois itens – 25% a menos do que o valor original. Ou com Anderson Silveira, 37, ao adquirir um forno elétrico para a sua mãe com R$ 200 de desconto.
Já o professor Airton Camargo, 69, que procurava por uma geladeira de menor porte, que coubesse em sua cozinha modulada e, sobretudo, no orçamento, constatou em pesquisas anteriores o valor na faixa de R$ 2,5 mil para o produto. Depois de passar por três locais, encontrou o eletrodoméstico por R$ 2 mil, mas ainda pretendia averiguar em outras duas lojas para certificar-se de que não estaria deixando de lado um ganho maior.
Aliás, levantamento do Sindilojas indica que esse é outro diferencial no perfil dos consumidores durante a Black Friday. Segundo os dados, 43,4% dos porto-alegrenses costumam estudar os artigos pretendidos com um mês de antecedência.
Mas, nem sempre, a atratividade se confirma. É o que conta Márcia Feijó, 42. A vendedora diz saber como funciona a lógica dos descontos. Ela e o marido, já há algum tempo, usam a data para fazer um rancho de produtos de limpeza e higiene pessoal.
O casal destina cerca R$ 600 para essa finalidade. Em 2022, gastaram a metade, ou seja, R$ 300, porque não perceberam condições tão válidas, apesar de terem incluído, de última hora, um liquidificador que saiu R$ 10 mais barato do que o esperado na lista.
A alternativa de pagar em cinco vezes, seguida por até dez parcelas, também é um dos destaques do levantamento prévio do Sindilojas.
"Está sendo a melhor de todas"
O balanço oficial das vendas nesta Black Friday deve ser divulgado pelo Sindilojas na tarde de segunda-feira (28). No entanto, o presidente da entidade, Arcione Piva, estima que a edição de 2022 tenha superado as expectativas para a data, de acordo com avaliações recebidas de lojistas.
— Felizmente, tenho recebido respostas bastante positivas. Os lojistas estão bastante animados com os resultados, inclusive o pessoal dos shoppings. Quem colocou produto em oferta está indo muito bem. Está sendo a melhor Black Friday de todas. Aliás, em todas as datas comemorativas deste ano como Páscoa, Dia da Criança, Dia dos Pais e Dia das Mães o saldo foi positivo e o comércio fechou no azul — diz o presidente do Sindilojas.
A Black Friday surgiu na década de 1960 nos Estados Unidos. Ela acontece um dia após o feriado de Ação de Graças e marca o início das vendas de Natal naquele país. Desde 2010, quando desembarcaram no Brasil, ainda bastante focadas no comércio online, as promoções associadas ao evento caíram no gosto dos consumidores. De lá para cá, passaram a representar a antecipação de parcela significativa dos gastos com o Natal e ganharam espaço de destaque no varejo físico.
Para quem perdeu as oportunidades de sexta-feira, ainda há tempo. A maioria das lojas mantém condições diferenciadas até o final do mês de novembro.
TV nova para os jogos da Copa do Mundo
O casal de aposentados Manoel Rocha, 65, e Irma Miranda, 64, procuravam por um televisor maior para assistirem aos jogos da Copa do Mundo, evento que este ano coincide com a Black Friday. Depois de pesquisarem preços, visitaram dois estabelecimentos e, no terceiro, encontraram o modelo perfeito para as intenções – um de 55 polegadas – e para o bolso, com R$ 400 de desconto.
De R$ 3 mil para R$ 2.599 e condições diferenciadas de pagamento, a economia chegou a 16,6%. No total, gastaram R$ 1.043 (ou 67%) a mais do que o tíquete médio estimado pelo Sindilojas em R$ R$ 1.556 – 10,6% superior ao do ano passado, quando atingiu R$ 1.407. Para Irma, a opção pela compra na Black Friday foi acertada.
– Valeu a pena esperar pelas ofertas da Black Friday e colocar na ponta do lápis os valores com antecedência - comenta Irma
Comissões em alta para os vendedores
Do outro lado do balcão, Wagner Mendonça, 37, esfrega as mãos, em um gesto de expectativa por repetir o desempenho em vendas de outros anos. Ele estava de prontidão, desde às 6h, quando a loja onde trabalha há três anos abriu as portas para o público e, em alguns momentos, chegou a assumir o papel de locutor para apresentar as principais ofertas aos pedestres.
O empenho se justifica pelo potencial de comissões no período. Segundo Mendonça, a data é a que mais rende mais retorno, em razão da busca prioritária dos clientes por itens eletrônicos, o que eleva o valor das vendas. Três horas mais tarde, sua linguagem corporal já era outra: de comemoração. Natural, já havia vendido um jogo de cadeiras, um celular e uma televisão:
– Ainda tem que melhorar. Para mim essa é a data mais esperada, mais até do que o Natal, porque concentra compras altas em um período curto.