Símbolo da resistência à invasão de terras indígenas, o homem conhecido como "índio Tanaru" ou "índio do buraco" foi encontrado morto pela Fundação Nacional do Índio (Funai), na última terça-feira (23). Ele vivia sozinho e isolado há quase 30 anos na Terra Indígena Tanaru, próxima à divisa de municípios no sul de Rondônia, depois que os últimos membros do seu povo foram massacrados por fazendeiros entre as décadas de 1970 e 1990.
O corpo do indígena foi encontrado durante a ronda de monitoramento e vigilância territorial realizada pela equipe da Frente de Proteção Etnoambiental Guaporé (FPE Guaporé)/Coordenação-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC). Ele estava dentro da sua rede de dormir, de acordo com a Funai.
A fundação também informou que "não havia vestígios da presença de pessoas no local, tampouco foram avistadas marcações na mata durante o percurso", nem sinais de violência ou luta.
A Polícia Federal (PF) já realizou perícia na área. O corpo foi removido e encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) de Porto Velho (RO), onde um exame tentará identificar a causa da morte. A Funai "lamentou profundamente a perda do indígena".
Quem foi o índio do buraco
O indígena era o único sobrevivente de sua comunidade, a tribo Tanaru, de etnia desconhecida. Depois do massacre, em 1995, viveu solitário. Um ano depois, ele foi visto pela FPE Guaporé, sediada em Alta Floresta do Oeste (RO).
O homem repetidamente recusou um contato mais prolongado, chegando a disparar, por duas vezes, em anos diferentes, uma flecha na direção de funcionários da Funai que se aproximaram. Ele ficou conhecido como "índio do buraco" por ter cavado uma fenda profunda no solo. A Funai acredita que o buraco tivesse significado religioso para o indígena.
Após a identificação do indígena, a Funai interditou o território por ele habitado para protegê-lo de ameaças e apenas ir ao seu encontro em caso de perigo iminente representado por invasores, como fazendeiros, madeireiros e garimpeiros, ou a partir da decisão do próprio isolado.