O acidente com o Airbus A-320 da companhia aérea até então chamada de TAM completa 15 anos neste domingo (17). Familiares das vítimas irão prestar homenagens em São Paulo e Porto Alegre, como costumam fazer desde 2008, quando foi lembrado um ano do acidente no aeroporto de Congonhas. Haverá missa, orações e a colocação de enfeites no memorial que lembra as 199 pessoas que morreram.
Conforme o Ministério Público Federal (MPF), além de não haver condenações, o processo criminal se encerrou. A companhia, hoje chamada de Latam, informa que apenas uma família segue com processo judicial — as demais já foram indenizadas. Os parentes, que criaram uma associação, dizem que além da saudade que fica, resta lembrar o fato para que outros não venham a ocorrer.
O jornalista Roberto Gomes perdeu o irmão Mario Corrêa Gomes, então com 49 anos, que trabalhava como publicitário. Foi ele quem criou a associação de familiares das vítimas, com o objetivo de não deixar que o fato seja esquecido. E mais do que isso, para que todas as medidas possíveis sejam tomadas para evitar futuros acidentes .Ele lembra o fato de que nenhuma indenização vai trazer o irmão de volta.
— Mesmo que quase todos os familiares tenham recebido as indenizações, ninguém tinha coragem de tocar no assunto porque como é que se vai tratar de dinheiro na perda de um filho. Quanto vale um filho? Quanto valem todos os filhos, uma família inteira, uma esposa, um esposo, uma irmã, um irmão? Quanto vale um parente, um amigo? — ressalta Gomes.
Joice Helena Vinholes Oliveira, viúva de Fernando Antônio Laroque Oliveira, 53 anos, afirmou que houve uma sucessão de negligências e erros.
— Fomos sentenciados a aprender a conviver com a dor,e com a saudades que é visita constante — desabafa.
Na Capital, haverá orações e colocação de flores às 14h de domingo no Largo da Vida, na Avenida Severo Dullius, nas proximidades do Aeroporto Internacional Salgado Filho, além de uma missa na Catedral Metropolitana às 18h.
Em São Paulo, as homenagens começam às 8h de domingo na Praça Memorial 17 de Julho. Enfeites no formato de pássaros feitos pelas famílias das vítimas serão colocados junto ao nome de cada uma das pessoas que morreram no acidente aéreo. O ato irá ocorrer no entorno do lago onde fica a chamada árvore da vida, com o tronco na forma de um “V”.
Investigação
Apesar de a Polícia Civil de São Paulo responsabilizar um número maior de pessoas, o Ministério Público Federal denunciou três: um ex-diretor de segurança da TAM, o então vice-presidente de operações da empresa e a diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) na época. A Justiça absolveu todos em 2015 e manteve a absolvição em 2017, sendo que novos recursos ficaram impossibilitados. Com isso, o MPF confirmou que o processo se encerrou.
Em nota, a Latam afirmou que se solidariza com os familiares e ressalta que se empenhou para que todos fossem atendidos da melhor forma possível, além de agilizar a identificação das vítimas na época dos fatos.
"Embora consciente de que nada poderá compensar as perdas, a companhia se empenhou, desde o primeiro momento, em apoiar os familiares de todas as maneiras e concluir o mais rápido possível o procedimento de indenização", diz trecho da nota.
A Latam informou ainda que não se pronunciaria sobre as indenizações aos familiares e o Ministério Público de São Paulo não retornou aos pedidos de GZH sobre esta situação.
Acidente
O avião havia decolado com 187 pessoas do Aeroporto Internacional Salgado Filho às 17h19min do dia 17 de julho de 2007. Uma hora e 29 minutos depois, a aeronave não conseguiu parar na pista em São Paulo, passou sobre uma avenida e, às 18h48min, colidiu em um prédio da companhia aérea.
Além dos ocupantes do voo JJ 3054, morreram também outras 12 pessoas que trabalhavam no edifício atingido — outras 13 pessoas que não estavam na aeronave ficaram feridas. No avião havia seis tripulantes entre as 187 pessoas e não houve sobreviventes.
O relatório da investigação apontou alguns problemas como causa do acidente, mas o principal motivo foi atribuído aos pilotos. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) também apontou falha dos pilotos em seu documento final, apesar de não descartar uma possível falha mecânica