Era uma terça-feira chuvosa de julho de 2007 quando um Airbus A330 da TAM decolou com 187 pessoas do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, às 17h19min. Uma hora e 29 minutos depois, a aeronave não conseguiu parar na pista do Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, passou sobre a Avenida Washington Luís e, às 18h48min, colidiu em um prédio da companhia aérea.
Além dos passageiros do voo JJ 3054, morreram também outras 12 pessoas que trabalhavam no edifício atingido. Na data que marca os 11 anos da maior tragédia da aviação brasileira, familiares e amigos das vítimas prestaram homenagens no Largo da Vida, em frente ao Salgado Filho, na tarde desta terça-feira (17).
Em 2015, a Justiça Federal absolveu os únicos três réus no processo: o então diretor de Segurança de Voo da TAM, Marco Aurélio dos Santos de Miranda e Castro, o vice-presidente de Operações da empresa, Alberto Fajerman, e Denise Abreu, que, à época, ocupava o cargo de diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
— A Justiça não foi feita. Nada mais vai acontecer no processo judicial. Mesmo assim, eu já me sinto um vitorioso. Conseguimos colocar três pessoas no banco dos réus — diz o jornalista Roberto Corrêa Gomes, 62 anos, irmão do empresário Mário Lopes Correa Gomes, morto no acidente.
Roberto é um dos coordenadores da Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo TAM JJ 3054 (Afavitam). Ele compara o acidente com a tragédia na boate Kiss, em Santa Maria, que matou 242 pessoas em 2013.
— Os fatores são os mesmos: negligência, falta de fiscalização e estrutura deficiente. Só mudou o "veículo".
As reuniões dos familiares das 199 vítimas são, hoje, menos frequentes. Debates, como para a organização de eventos que marcam o aniversário da tragédia, são feitos de forma virtual, por redes sociais.
Às 15h desta terça-feira, familiares e amigos participaram de uma cerimônia religiosa conduzida pela pastora luterana Isabel Toiller. O evento serviu também para a arrecadação de cobertores que serão destinados a uma instituição de caridade que atende moradores de rua em Porto Alegre.
Em nota, a Latam Airlines (nome atual da companhia aérea TAM) afirma que “se solidariza” com os familiares das vítimas. Segundo a empresa, há “duas famílias com ações em andamento” sobre o caso.
"A LATAM Airlines se solidariza com todos aqueles que foram afetados por este acidente há 11 anos. Embora consciente de que nada poderá compensar a perda de todas essas pessoas, a companhia se empenhou, desde o primeiro momento, em apoiar os familiares de todas as maneiras e concluir o mais rapidamente possível o procedimento de indenização.
A companhia informa que existem 2 famílias com ações em andamento. A empresa não divulga valores das indenizações por questões de segurança e de privacidade dos próprios familiares".