Na quinta-feira (2), os mais de 13 mil habitantes de Arroio do Tigre, no Vale do Rio Pardo, ficaram sem sua estação rodoviária. Sem o mesmo fluxo de passageiros desde o início da pandemia, os administradores não tiveram outra opção e encerram as atividades de um dos pontos mais tradicionais da cidade.
Segundo o Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem (Daer), o número de terminais fechados está aumentando, e o principal motivo sempre é o mesmo: a diminuição de pessoas viajando de ônibus. Desde 2020, 27 estações fecharam as portas no Estado, sendo que o número nos primeiros meses deste ano — oito ao todo — já é 72% do total de 2021. Ano passado, foram fechados 11 locais. O sindicato da categoria alega que os impostos também são motivos para o encerramento das atividades.
A pandemia, que levou a um decrescente número de itinerários de coletivos devido ao distanciamento social e restrições financeiras, foi o principal fator para que a empresa que administrava o terminal em Arroio do Tigre não conseguisse manter as atividades na Rua Dom Guilherme Müller. Mesmo assim, alguns horários ainda irão partir do local. As passagens devem ser tiradas nos próprios ônibus.
Não foi diferente em Tramandaí, no Litoral Norte. A estação fechou no dia 14 do mês passado para dar lugar a um novo terminal, mas enquanto não se tem previsão das atividades em um prédio, o embarque e desembarque ocorre temporariamente na calçada da Rua Xavantes, ao lado da antiga estação.
Cidades como Júlio de Castilhos, na Região Central, e Santana do Livramento, na Fronteira Oeste, também ficaram sem as antigas rodoviárias. O Sindicato de Agências e Estações Rodoviárias do Rio Grande do Sul (Saerrgs) confirma que a situação piorou na pandemia com a redução do número de passageiros, mas alega que os impostos também foram motivos para a crise no setor. De acordo com a entidade, dos 497 municípios gaúchos, pelo menos 323 não têm rodoviárias. Por isso, o Saerrgs defende que as regiões tenham um novo plano diretor para garantir condições a este tipo de serviço.
Rodoviárias que encerraram as atividades
2020
- Balneário Pinhal
- Esmeralda
- Nonoai
- Pontão
- Rondinha
- Trindade do Sul
- São Valentim
- Vila Flores
2021
- Arambaré
- Arroio do Sal
- Cerro Grande do Sul
- Coronel Bicaco
- Curumim
- Ernestina
- Humaitá
- Itatiba do Sul
- Maçambara
- Santo Antônio das Missões
- São Vicente do Sul
2022
- Crissiumal
- Júlio de Castilhos
- Santa Bárbara do Sul
- Santana do Livramento
- São Sebastião do Caí
- Tramandaí
- Triunfo
- Arroio do Tigre
Daer
Por meio de nota, o departamento informa que lamenta a situação e que está tomando todas as medidas possíveis para amenizar a situação.
“O Daer esclarece que se sensibilizou com a situação das rodoviárias e tomou todas as providências administrativas que estavam ao alcance da autarquia para reduzir os impactos provocados pela pandemia, tais como a diminuição das exigências necessárias para a operação e flexibilização do pagamento da outorga. Mais informações sobre este benefício podem ser consultadas no site do Departamento.
Cabe destacar, ainda, que as ações realizadas para preservar as estações rodoviárias foram reconhecidas nacionalmente, tendo em 2021 recebido menção honrosa do Prêmio P3C - promovido pela Necta – Conexões com Propósito e Portugal Ribeiro Advogados, com correalização da B3”.
O Daer informa que o Estado, atualmente, tem 1,6 mil linhas rodoviárias ativas, sendo que são 20 mil ônibus em circulação e uma estimativa de 50 milhões de passageiros por ano — número que caiu para apenas 13 milhões no primeiro ano da pandemia — com 1,5 milhão de viagens.