A porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos (ACNUDH), Ravina Shamdasani, afirmou nesta sexta-feira (10) que o governo brasileiro demorou para iniciar as buscas pelo jornalista Dom Phillips e pelo indigenista Bruno Pereira, desaparecidos há cinco dias no Vale do Javari, extremo oeste do Amazonas.
— Cumprimentamos que agora, após decisão judicial, as autoridades empregaram mais meios para procurar esses dois homens — afirmou Shamdasani em entrevista coletiva concedida em Genebra, na Suíça. — Mas inicialmente a resposta das autoridades foi lenta — disse.
Em nota, a ACNUDH afirmou ser "crucial" que as autoridades a nível federal e local reajam de forma robusta e rápida, empregando ao máximo os meios necessários para busca efetiva na área remota em questão. O anúncio do Alto Comissariado foi feito dias após a Justiça apontar omissão do governo federal em realizar efetivamente as buscas pelos desaparecidos.
Na quarta-feira (8), a juíza federal Jaiza Maria Pinto Fraxe determinou que a União efetivasse imediatamente a viabilização de helicópteros, embarcações e equipes de busca, seja Polícia Federal, Forças de Segurança ou Forças Armadas, a fim de localizar os desaparecidos. Segundo a juíza, o governo falhou no dever de fiscalizar terras indígenas e proteger povos indígenas isolados e de recente contato.
Para a ONU, as autoridades brasileiras têm responsabilidade em proteger defensores dos direitos humanos, ambientalistas e jornalistas em atividade no país.
— Apelamos a todas as autoridades para que de fato garantam que protegerão e capacitarão jornalistas, defensores de direitos humanos e povos indígenas, reconhecendo seu papel fundamental na obtenção de informações de lá, especialmente nessas áreas remotas — afirmou Shamdasani.