O quarto dia de julgamento do caso da boate Kiss começou com o depoimento da testemunha Alexandre Marques, arrolado pela defesa do réu Elissandro Spohr, um dos sócios da boate. Marques é organizador de eventos e trabalhou em algumas ocasiões na boate antes da tragédia.
Marques afirmou que desconhecia lei de Santa Maria que proibia o uso de espuma para isolamento acústico de casas noturnas e disse ter visto a utilização deste material em outros estabelecimentos. A testemunha de defesa também afirmou que shows pirotécnicos eram comuns em casas noturnas e que era algo que deixava o show muito bonito. O depoimento dessa testemunha terminou pouco depois das 15h.
A partir da metade da tarde deste sábado, a sessão ocorreu com o depoimento de Maike Ariel dos Santos, sobrevivente que teve queimaduras pelo corpo e problemas crônicos de respiração. Durante sua fala, o jovem, de 29 anos, contou que estava na boate para o aniversário da amiga Andrielle, que faleceu. Ele diz que olhou para cima, viu uma fumaça e a confundiu com gelo seco, mas entendeu o que estava acontecendo quando uma pessoa gritou "fogo".
A testemunha fez seu trabalho de conclusão do curso de Desenho Industrial sobre a sinalização e a posição das portas na Kiss. Maikel constatou que, se houvesse uma porta a mais do lado oposto e uma sinalização de saída mais adequada, ou a tragédia não teria ocorrido, ou teria sido amenizada. O depoimento foi encerrado por volta das 17h.
O terceiro e último depoimento do quarto dia do júri do caso Kiss foi de uma sobrevivente que, como tantos outros que passaram pelo plenário, emocionou-se ao lembrar do incêndio e dos amigos que não sobreviveram. Cristiane dos Santos Clavé, 34 anos, prestou depoimento por cerca de uma hora e meia.
Ela contou que não pretendia ir à boate naquela noite, mas que foi convencida pelo amigo Leandro - cujo corpo foi encontrado mais tarde no banheiro da casa noturna. Cristiane relatou que a boate ficou muito escura quando o incêndio começou. Assim, não era possível achar a saída.
—Não dava para enxergar. Eu saí porque eu sabia o caminho.