A busca por pessoas desaparecidas no Rio Grande do Sul terá um reforço a partir do próximo mês. Um mutirão do Instituto-Geral de Perícias (IGP) vai coletar material genético de familiares em 11 municípios gaúchos entre os dias 14 e 18 de junho, em um esforço para tentar localizar os desaparecidos.
O mutirão acontecerá em todo o país por meio da Campanha Nacional de Coleta de DNA de Familiares de Pessoas Desaparecidas, lançada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. O lançamento nesta terça-feira (25) marca o Dia Internacional das Crianças Desaparecidas.
Além de Porto Alegre, a coleta está programada para acontecer em Novo Hamburgo, Viamão, Gravataí, Alvorada, São Leopoldo, Canoas, Caxias do Sul, Passo Fundo, Pelotas e Santa Maria. Moradores de outras cidades podem se deslocar até os pontos de mobilização para participarem do processo.
O cronograma com os locais onde haverá agentes será divulgado em breve. Na Capital, os locais são o Parque da Redenção e outros três bairros que concentram os maiores índices de desaparecimento: Lomba do Pinheiro, Restinga e Rubem Berta.
Para a administradora do Banco de Perfis Genéticos do Rio Grande do Sul (BGP/RS), a perita criminal Cecília Fricke Matte, essa é uma forma de muitos familiares conseguirem encerrar a procura, que muitas vezes dura anos:
— As famílias sempre querem muito encontrar seus parentes, mas, em muitos casos, elas dizem que vivem com uma angústia durante anos, que não sabem realmente o que aconteceu, que não tem notícias. E elas dizem que, mesmo sendo uma notícia ruim, ao mesmo tempo é um desfecho, é uma forma de viver o luto e superar.
A Polícia Civil também vai participar do evento, registrando casos que ainda não tenham boletim de ocorrência e entrevistando os familiares em busca de informações que possam auxiliar na investigação.
Como funciona?
As equipes vão coletar sangue para comparar o DNA do familiar com o de restos mortais armazenados. Atualmente, o banco do Estado conta com 501 corpos e com 312 famílias, cujo material foi doado para comparação.
A coleta é voluntária e deve ser feita preferencialmente por familiares de primeiro grau da pessoa desaparecida, seguindo a ordem de preferência: pai e mãe; filhos e irmãos. Também é possível levar itens de uso pessoal da pessoa, como escova de dentes, escova de cabelo, aparelho de barbear e óculos, desde que tenham sido guardados e não tenham sido reutilizados.
— Para poder fazer uma declaração de óbito conclusiva, o ideal é que sejam familiares de primeiro grau. Quando não são, tentamos reunir mais familiares para poder montar uma espécie de árvore genealógica — explica Cecília.
Quando a amostra for levada para o banco, a tendência é de que o resultado saia rápido. As análises são feitas semanalmente e, além do material genético armazenado no Rio Grande do Sul, é possível fazer a comparação com outros Estados.