A Defesa Civil do Estado realizou um levantamento para identificar a severidade da estiagem nos municípios gaúchos. Foi levado em conta o tempo de permanência dos decretos de emergência em razão da pouca chuva e de suas consequências. Quatorze municípios ficaram por mais de seis meses nessa situação.
Fontoura Xavier, na região norte do Estado, lidera esse ranking. A cidade acumula 262 dias ao longo dos últimos dois anos em situação de emergência. Significa oito meses e 22 dias com problemas de abastecimento humano e animal e prejuízos na agricultura e pecuária em 2020 e 2021.
— De acordo com os nossos relatórios, são os municípios que estão sofrendo há mais tempo com a estiagem, principalmente com relação ao abastecimento de água. E, claro, depois vêm a agricultura e pecuária — destaca o coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Julio Cesar Rocha Lopes.
GZH está percorrendo cidades gaúchas atingidas pela estiagem. O principal problema identificado, segundo autoridades, é no abastecimento da população. Na agricultura e na pecuária, não há relatos de prejuízos severos.
Em Fontoura Xavier, a barragem que abastece a cidade ficou seca entre 29 de abril e 23 de maio, sem que a Corsan pudesse puxar água do reservatório para distribuir aos moradores. A companhia estava buscando água em Soledade, que fica a cerca de 30 quilômetros de distância, para poder colocar na estação de tratamento e liberar aos moradores.
O secretário de Obras de Fontoura Xavier, Nelinho Quevedo, relata que os dois últimos anos foram bastante problemáticos na cidade.
— Nós estamos com dois caminhões-pipa puxando água para várias comunidades da nossa cidade. A prefeitura tem seus próprios caminhões fornecendo para os agricultares — destaca o secretário em referência às comunidades do Interior que não possuem redes de abastecimento da Corsan e que viram poços artesianos e nascentes secarem devido à escassez de chuva.
A precipitação do final de semana passado voltou a permitir que a Corsan pudesse puxar água do local para fazer o tratamento e distribuição aos moradores da cidade.
Professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pós-doutor em Agrometeorologia, Homero Bergamaschi diz que essa estiagem já estava dentro das previsões meteorológicas. Explica que não atingiu tanto a agricultura pela época em que está ocorrendo:
— As culturas de verão estão no final de ciclo, estão sendo colhidas. E as culturas de inverno ainda estão no início de ciclo. Agora é uma época de baixa evaporação. Temos praticamente metade da radiação solar nessa época. Isso permite que o solo fique mais tempo úmido.
Cidades que ficaram mais tempo em situação de emergência em razão da estiagem
- Fontoura Xavier – 262 dias
- Ponte Preta – 251
- Itatiba do Sul – 244
- Barra do Rio Azul – 234
- São Gabriel – 234
- Iraí – 213
- Tenente Portela – 206
- Manoel Viana – 205
- Morro Redondo – 199
- Palmitinho – 199
- Chuvisca – 196
- Caiçara – 195
- Cerro Branco – 192
- São Jerônimo – 184