A morte de Belinha, cadela de um menino de 13 anos, causou revolta na comunidade pela brutalidade do fato, mas também acendeu a solidariedade. Em pleno Dia das Crianças, o dono de um mercado de Sapucaia do Sul atirou com uma arma de pressão na cachorrinha e interrompeu a amizade de oito anos entre ela e Jackson Delavechia. Desde então, o garoto vem recebendo mensagens de carinho, presentes e doações para realizar o sonho de reformar a praça onde brincava com a sua melhor amiga.
Nesta sexta-feira (16), Jackson recebeu um presente que sempre quis: uma camisa do Grêmio. A peça contém autógrafos dos principais jogadores do elenco, como o capitão Maicon, Geromel, Pepê, Kannemann e outros. A ideia do presente foi de Gabriel Pereira dos Reis, 35 anos. Tricolor, ele conta ter ficado comovido com a história do menino, quando ouviu a notícia na Rádio Gaúcha:
— Sou torcedor, sócio, apaixonado, mas fiz por conta, sem vínculo algum (com torcidas ou clube). Aquela notícia me tirou o sono, não consegui dormir. Ouvi no Timeline (programa da Gaúcha) o depoimento da mãe dele, sobre como ela (Belinha) fazia festa, e isso me impactou, me trouxe semelhanças da minha relação com a minha cadela. Naquele momento, decidi fazer alguma coisa por ele, levar um momento de felicidade para ele. Ele ficou bem emocionado.
O torcedor procurou a assessoria de imprensa do Grêmio. Na quarta-feira (14), deixou a camiseta, que ele mesmo comprou, no Centro de Treinamento. No dia seguinte, recebeu mensagem do clube de que o manto estava autografado. Gabriel mesmo tratou de ir a Sapucaia entregar.
— Ele ficou muito, muito faceiro, feliz, principalmente porque sempre quis ter a camisa e ainda mais com os autógrafos. Estamos surpresos e agradecidos com essa resposta de gente do bem — agradeceu a mãe do menino, Alexandra Moreira da Silva.
A camisa leva o número oito — para representar o tempo de amizade entre Jackson e Belinha.
Família faz vaquinha para reformar praça
Além da camisa, o menino também já recebeu uma caixa de doces de uma ONG, brinquedos e uma cadela de pelúcia gigante. O principal, agora, é conseguir tocar o projeto de reforma da praça em que Jackson e Belinha brincavam. O menino quer que o espaço seja chamado de Pracinha Belinha Nascer do Sol — o nome da sua cadela e do loteamento onde mora.
Uma vaquinha online foi organizada pela família para a realização do sonho que o menino teve após perder sua amiga. O projeto é transformar a pracinha em um ambiente para convívio de crianças, adultos e animais. A ideia é instalar um cachorródromo, colocar balanço, gangorra, ciranda e outros brinquedos. Até as 15h desta sexta-feira, já havia sido arrecadado R$ 1,6 mil dos R$ 5 mil previstos.
— Está tudo ocorrendo bem, já nos reunimos com a prefeitura, que deu carta branca, um engenheiro fez um projeto para nós, viabilizando a parte burocrática. Com isso pronto, acreditamos que em algumas semanas conseguimos aprontar tudo — projetou a mãe.
A família também aceita doação de brinquedos para a praça, latas de tinta e madeira.
Atirador está solto
O comerciante que atirou em Belinha, Nelson Edison Martins Fagundes, 42 anos, ficou pouco mais de 27 horas preso na delegacia de Canoas. Depois, recebeu liberdade provisória por decisão de um juiz plantonista.
Entre o dia do crime e esta sexta-feira, o mercado seguiu fechado. No dia seguinte a morte de Belinha, o espaço amanheceu pichado.
GZH tenta contato com Fagundes para contraponto.