Basta circular por ruas do Litoral Norte para perceber os estragos causados pela ventania que atingiu a região. Resultado de um ciclone-bomba, as rajadas de vento forte danificaram dezenas de casas e até prédios públicos. Até por volta das 11h, a região ainda tinha chuva e vento intensos - depois disso, as condições ficaram melhores.
Os danos mais graves flagrados pela reportagem de GaúchaZH foram ao prédio do Hospital Tramandaí. Por volta de 4h30min, parte do local foi destelhada, atingindo uma enfermaria que abrigava pacientes pré e pós-cirúrgicos.
Seis pacientes precisaram ser removidos e transferidos para outras áreas do hospital. Ninguém ficou ferido. Nos quartos atingidos, é possível ver vidros quebrados e colchões e cobertores encharcados — com o destelhamento, a água escorre pelas luminárias e se acumula em uma poça no chão.
— Da para contornar, mas são leitos a menos que vamos ter. Nesse momento de pandemia, não podemos abrir mão. Vamos ter que recuperar o quanto antes — lamenta o administrador do hospital, Luís Genaro Figoli.
Equipes já trabalham na reconstrução do hospital. Além dos próprios funcionários da instituição, as prefeituras de Tramandaí e de Imbé colocaram trabalhadores à disposição.
Na cidade, pelo menos seis famílias precisaram sair de casa, e árvores e postes caíram, deixando boa parte da população sem energia elétrica.
Perto dali, Cidreira também teve destelhamentos. Foram pelo menos 13 chamados. A ventania quebrou vidros e arrancou telhas do quartel do Corpo de Bombeiros, deixando um buraco no teto.
— A sorte é que o buraco não ficou muito grande e que não tinha nenhuma viatura embaixo, porque estava em atendimento. Já fomos atingidos por um temporal feio há dois anos. Inclusive, o prédio está em reforma — conta o 1º sargento Alexandro da Silveira, comandante interino do 3º Pelotão de Bombeiros Militar de Cidreira.
O local atingido foi o saguão de viaturas. O militar de plantão, que estava recebendo as ocorrências, não ficou ferido. Até por volta das 13h, a internet oscilava no prédio.
“O telhado parece que subia e descia”
Em Pinhal, o telhado do Ginásio Poliesportivo Eng. Paulo Weinmann, da escola municipal Calil Miguel Allem, tinha dois grandes buracos à mostra. Do lado de fora, pedaços de telhas mostravam o rastro de destruição.
Rodrigo Fabiano, 14 anos, mora ao lado do colégio onde estuda. Durante a madrugada, ouviu o barulho do vento quebrando telhas e outros objetos:
— Muito forte. Ouvia o barulho do vento, de coisa quebrando. O telhado parece que subia e descia. Ali em casa, graças a Deus, não pegou nada. A gente ficou com medo, porque eu já tive uma casa destruída há muitos anos — relembra o estudante do 9º ano.
A poucos metros dali, o pintor de automóveis Auri Esteves, 68, se equilibrava em cima do telhado de casa, consertando telhas quebradas.
— Caíram umas cinco e entrou bastante água dentro de casa. É a segunda vez em dez anos. Vai dar pra ficar aqui, mas vamos ter que fazer uma limpeza geral.
Na área central da cidade, pedaços de telha podiam ser vistos no chão, próximo ao palco da prefeitura. O local, conhecido por receber shows no verão, tinha inúmeros buracos no teto.
— Muita telha voando, tudo desmanchado. Mais de cinco horas sem luz. Foi feio, tu nem imagina — relata o reciclador Miguel Teixeira Neto, 75.
Segundo a prefeitura, cerca de 50 casas tiveram algum tipo de dano e muitos postes caíram, causando falta de energia elétrica. Algumas famílias precisaram de abrigar em casas de parentes, mas o número ainda não foi contabilizado.
Outras cidades
Em Capão da Canoa, pelo menos 50 casas foram destelhadas. Os bairros mais atingidos são Santa Luzia, Araçá e Arco-Íris, e praticamente toda a cidade ficou sem luz.
O Ginásio Municipal Otto Birlem teve parte do telhado danificado.
Em Torres, a Defesa Civil informou danos em 15 residências, além de árvores e postes.
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