O fogo certamente é uma das mais eficazes fontes de calor para garantir aquecimento em dias gelados de inverno. Da mesma forma que o recurso pode gerar conforto, também pode representar sérios riscos quando não manejado corretamente. A explosão de uma lareira improvisada ocorrida no sábado (4) em Lagoa Vermelha — que resultou na morte de Terluize Toson Farias Teixeira, 12 anos — chama a atenção para o perigo que o fogo, sobretudo quando abastecido com etanol, pode representar.
Segundo o comando do Corpo de Bombeiros Militar de Lagoa Vermelha, que atendeu à ocorrência, a montagem da estrutura com latas cortadas ao meio, acomodadas em pedras e areia, também conhecida como "lareira ecológica", é comum na região, porém contraindicada justamente pela alta probabilidade de gerar acidentes, como ocorreu com a família.
— Os riscos são inúmeros, principalmente se tem crianças em casa. No caso deles, o pai nos relatou que foi reabastecer com etanol pensando que já estivesse seco, ocasionando acidentalmente a explosão — relata o tenente Alex Moreira Barbaro, comandante do pelotão de bombeiros do município, que participou do atendimento à ocorrência.
Ele afirma que, mesmo que não haja mais vestígio de fogo, o próprio calor, em contato com o combustível, pode servir como ignição. Ainda de acordo com Barbaro, são frequentes os atendimentos relacionados à combustão com uso de álcool de cozinha ou etanol, em práticas para aquecimento ou mesmo para o acendimento de churrasqueiras.
— Acontece bastante, normalmente são casos menos graves, mas acontece. O que a gente orienta é que esse tipo de lareira não seja feita e que se procure sempre utilizar equipamentos testados e certificados pelo Inmetro — afirma o comandante.
O bombeiro, que atendeu à ocorrência em Lagoa Vermelha, relata que a explosão da lareira — montada na garagem da residência — gerou danos em equipamentos que estavam próximos, incluindo instrumentos musicais e móveis.
A menina Terluize teve 70% do corpo queimado e acabou morrendo em menos de dois dias após o acidente. Seu irmão Rauan, seis anos, sofreu queimaduras no rosto, no tórax e em um dos braços, conforme registro dos bombeiros. Ele está internado no Hospital São Vicente de Paulo, de Passo Fundo, com quadro de saúde estável, segundo familiares.
Marcelo Farias Teixeira, 38 anos, que abastecia a lareira, teve queimadura na mão, e a mãe, Simone dos Santos Toson, 32, foi atingida pelo fogo principalmente nas pernas. Ambos foram atendidos no Hospital São Paulo, de Lagoa Vermelha, e receberam alta na manhã desta segunda-feira.