Vários municípios gaúchos registraram estragos por conta da forte chuva e do ciclone-bomba que ocorreu nas últimas 24 horas. Em Nova Prata, um homem de 53 anos morreu soterrado por um deslizamento de terra. Segundo a Defesa Civil Estadual, não há registro de desabrigados ou desalojados. As cidades que tiveram mais danos na área urbana são Barracão, Cacique Doble, Carlos Gomes, Itatiba do Sul, Iraí e Tapejara, todas no Norte. Às 23h50, a CEEE informou que 60 mil clientes estão sem luz — somados aos 140 mil da RGE, são 200 mil clientes sem energia elétrica em todo o Estado.
Morte em Nova Prata
Vanderlei Oliveira, 53 anos, morreu soterrado por um deslizamento de terra enquanto trabalhava na construção de um tapume perto de um barranco, por volta das 11h30min desta terça-feira (30), em Nova Prata. Chovia muito no momento no local.
A vítima chegou a ser socorrida pelos bombeiros e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), foi levada ao Hospital São João Batista, mas não resistiu. Segundo informações repassadas pela Polícia Civil a RBS TV Caxias, Oliveira era morador de Bento Gonçalves e trabalhava na construção de um prédio, em Nova Prata.
Estragos no Norte
Em Barracão, quase na divisa com Santa Catarina, o Hospital São Valentim foi destelhado pelo vento forte. Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, mais da metade da cobertura da instituição foi arrancada. Os pacientes foram realocados. Além disso, cem casas tiveram destelhamento parcial. Ainda na região, os municípios de Carlos Gomes e Cacique Doble registraram destelhamento de residências. Santa Catarina registrou danos severos (veja ao final do texto).
Em Iraí, a Defesa Civil contabilizou 300 residências com destelhamento de casas pelo vendaval. Já as fortes chuvas, resultaram em alagamentos em pontos das cidades de Tapejara e Itatiba do Sul, que também teve registro de casas destelhadas.
Em Erechim, a estação automática do Inmet marcou vento de 100 km/h por volta das 13h. Os efeitos foram vistos na RS-135, que liga o município a Getúlio Vargas. Árvores e troncos foram dilacerados e interromperam a pista, deixando um trecho da rodovia quase irreconhecível. Mais ao Leste, em Lagoa Vermelha, outra estação do Inmet marcou 101 km/h às 14h.
Queda de barreira em Nova Roma do Sul
Uma queda de barreira interditou a RS-448 entre Nova Roma do Sul e Farroupilha. Também foram registrados estragos em Vacaria, Campestre da Serra, São Francisco de Paula e Caxias, entre outros.
A queda de barreira aconteceu no km 24 da RS-448. O acesso para quem segue de Nova Roma a Farroupilha está totalmente bloqueado porque a pista cedeu, obrigando os motoristas a desviar por Antônio Prado. Também houve a queda de uma rocha na Rota do Sol, no km 150, e galhos sobre a pista em Campestre da Serra, na RS-122. Em todos esses pontos, segundo Grupo Rodoviário de Farroupilha, está sendo providenciada a limpeza da pista.
Granizo
Mais cedo, conforme levantamento de GaúchaZH, houve granizo em Santa Rosa, Ijuí, Cruz Alta, Roque Gonzales, Augusto Pestana e Porto Lucena, no Noroeste; São Luiz Gonzaga e Santo Cristo, nas Missões; Passo Fundo, no Norte; e Flores da Cunha, na Serra.
Falta de luz
De acordo com o último levantamento das companhias de energia elétrica do Estado, feito na manhã desta quarta-feira (1°), ao menos 835 mil clientes ficaram sem luz. Só na área da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), são quase 740 mil clientes sem energia. Na noite de terça-feira (30), eram 155 mil clientes afetados em todo o Estado.
Situação em Porto Alegre
Apesar dos alagamentos, a Capital não constava no boletim da Defesa Civil Estadual. Nesta terça-feira, Porto Alegre registrou o acumulado de 113,07 milímetros de chuva nas últimas 24 horas. Diversas ruas da cidade ficaram alagadas durante todo o dia.
De acordo com a Defesa Civil Municipal, não houve registro de desabrigados ou desalojados. O órgão alertou ainda para possíveis ocorrências de rajadas de vento, entre 70 km/h e 100 Km/h, durante a noite desta terça-feira e a madrugada de quarta-feira (1º).
Na zona norte, vias como a Avenida Sarandi e a Rua Zeferino Dias registravam grande acúmulo de água. Com uma trégua da chuva, por volta das 17h, o nível da água baixou. Ao menos três carros não conseguiram passar devido à altura do alagamento.
Santa Catarina
Além do Rio Grande do Sul, Santa Catarina também teve registro de vendaval, com fortes rajadas de vento em grande parte do Estado, conforme a Somar Meteorologia.
De acordo com o portal NSC Total, o temporal causou três mortes no Estado vizinho. Um dos óbitos ocorreu em Chapecó, onde ventos atingiram 108 km/h e derrubaram árvores. Uma senhora de 78 anos morreu após ser atingida por uma árvore perto do aeroporto da cidade. Outra morte foi a de um homem, após ser atingido pela fiação da rede elétrica, em Santo Amaro da Imperatriz, na Grande Florianópolis. A terceira vítima ocorreu em Tijucas, no Litoral, em um imóvel com parte da estrutura colapsada. Ainda segundo o jornal, a Defesa Civil registrou destelhamentos em locais como Descanso, Santa Helena, São Domingos, Jaborá e Xanxerê.
Conforme a Somar, o vendaval começou na região Oeste e avançou pelo Estado catarinense.
Em Florianópolis, os ventos atingiram mais de 90 km/h, e houve queda de árvores. Segundo o NSC, o telhado de um prédio foi carregado pelo vento em Jurerê. Em Indaial foram registrados ventos de 121 km/h e 19 mm de volume de chuva.
Entre os locais com maior volume de chuva, estão a Praia Grande e São João do Sul, ambos com 90 mm.
O fenômeno
Os temporais associados às fortes rajadas de vento que atingem o Rio Grande do Sul nesta terça-feira (30) são causados, segundo meteorologistas, por um fenômeno chamado de ciclone-bomba. Trata-se de uma espécie de ciclone extratropical — ou seja, formado em latitudes médias, distante dos trópicos —, mas ainda mais intenso.
O ciclone-bomba armou-se de maneira muito rápida sobre o sul do país, entre segunda (29) e terça-feira. A previsão indica que o fenômeno irá se afastar para o oceano a partir de quarta-feira (1º). Por isso, volumes de chuva bastante expressivos e vento acima de 100 km/h são esperados para as próximas horas em todos os municípios gaúchos, especialmente naqueles situados mais ao Leste.
*Colaboraram Bibiana Dihl, Bruna Viesseri, Eduardo Pinzon, Leandro Rodrigues, Laura Becker , Tiago Boff e Vítor Rosa