PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) - Depois que o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), permitiu a reabertura dos shoppings, clientes foram recebidos com música ao vivo e palmas dos lojistas nesta quarta-feira (22), no Neumarkt Shopping, em Blumenau, a 91 km de Florianópolis, no Vale do Itajaí.
Adultos, crianças e idosos usando máscaras entraram no estabelecimento ao som de um saxofonista. A portaria catarinense, entretanto, proíbe "shows, apresentações e similares, que possam gerar aglomeração de pessoas" nos estabelecimentos comerciais. O shopping estava fechado havia cerca de um mês.
Funcionários de diferentes lojas relataram à reportagem que foram chamados pelo shopping para participar das palmas para a reabertura e se sentiram desconfortáveis com a iniciativa. Procurada, a administração do shopping disse ter tomado os devidos cuidados sanitários.
"Reabrimos nossos shoppings aplaudindo as pessoas no horário da abertura. Foi uma forma carinhosa de demonstrar o respeito que temos pelos nossos clientes", afirmou o shopping, por meio de sua assessoria de imprensa.
De acordo com o shopping, um produto importado dos Estados Unidos que "elimina até 99,99% dos micro-organismos" foi aplicado nos ambientes frequentados pelos consumidores. No primeiro dia de retorno as atividades, segundo a assessoria, o movimento "esteve 100% dentro dos padrões estabelecidos".
Nem todos gostaram. "Não bati palma. Não é o momento de bater palma para cliente. Estamos no meio de uma pandemia", opinou uma vendedora, que preferiu não se identificar.
Um vídeo gravado dentro do shopping, antes de as portas serem abertas, mostra os funcionários batendo palmas. É possível ver os consumidores do lado de fora aguardando a reabertura do local. Quando as portas se abrem, os corredores logo ficam tomado por pessoas.
"Por tudo o que está acontecendo com a Covid-19, é um movimento parecido com o normal. Mas na loja propriamente dita não está bom, não se reflete em vendas", relatou uma gerente.
A funcionária relatou não se sentir segura em relação a um possível contágio pelo novo coronavírus. "Estamos em risco. Preferia que as pessoas que viessem fossem por necessidade, para comprar e não para passear. Parecem cansados de ficar em casa e vieram passear. Eu só saio de casa se preciso", contou ela, que preferiu não se identificar para evitar represálias.
A percepção de que o movimento era por "passeio" e não por compras é compartilhada por outra vendedora. "Ao entrar no carro que chamei por aplicativo, fiquei bastante impactada. O motorista era de grupo de risco, estava sem máscara e me falou que Blumenau não sobrevive sem shopping. Ele disse que contava os minutos para ir ao shopping."
Santa Catarina tem 1.091 casos confirmados e 37 mortes por Covid-19, segundo o Ministério da Saúde. De acordo com a prefeitura de Blumenau, são 98 pacientes com a doença na cidade.