PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) - Um asilo em Passo Fundo, cidade do noroeste gaúcho, a 227 km de Porto Alegre, tem 18 idosos contaminados pelo novo coronavírus. O local abriga 48 idosos. Todos eles fizeram testes rápidos para detectar a doença e 18 tiveram resultados positivos na última semana.
Passo Fundo é a segunda cidade gaúcha com mais casos confirmados da Covid-19 e a segunda em número de mortes pela doença causada pelo vírus Sars-CoV-2. São 102 casos e nove mortes, atrás apenas de Porto Alegre, com 430 casos e 14 mortes.
Entre os 18 casos confirmados no asilo, três pacientes foram internados na última quinta-feira (23) e os demais seguem em isolamento dentro do asilo Nossa Senhora da Luz. Um dos três internados morreu no último domingo (26).
Segundo Jonatha dos Santos de Souza, presidente da Obra Social São Vicente de Paulo, que mantém o lar de idosos Nossa Senhora da Luz, o paciente que morreu estava em fase de recuperação da Covid-19 e tinha histórico de comorbidades.
"Aqueles que estão na casa estão isolados dos demais, recebendo orientação e acompanhamento. Todos são acompanhados por geriatras, enfermeiras e técnicas em enfermagem", disse Souza à reportagem.
Uma funcionária do local também apresentou resultado positivo para a Covid-19, mas está afastada do trabalho há cerca de 40 dias, explica o presidente. Outros sete funcionários estão afastados por serem considerados do grupo de risco, mas os exames deram negativo.
Também em Passo Fundo, 20 funcionários do frigorífico JBS estão com Covid-19 e dois parentes dos trabalhadores morreram por causa da doença, segundo o Ministério público do Trabalho (MPT). O órgão interditou a unidade na última sexta-feira (24).
Em nota, a empresa afirma que "refuta as informações do auto de infração em Passo Fundo e está confiante na segurança das medidas adotadas com o objetivo de prevenir o contágio da Covid-19 e proteger cada um dos seus colaboradores".
Diante do aumento dos casos da doença no município, a comunidade organizou um abaixo-assinado pedindo por mais medidas de distanciamento social. O abaixo-assinado é promovido por diversas entidades, entre elas o Comitê de Direitos Humanos de Passo Fundo (CMDHPF). Já são mais de 2.000 assinaturas em menos de 12 horas.
"Falar em vida é falar em direitos humanos. Todas as vidas valem. Já havíamos apresentado uma carta cobrando a prefeitura sobre os critérios para fazer a reabertura do comércio. São seis os critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS). O terceiro fala sobre assegurar segurança em lares da terceira idade. Se tivesse sido observado isso, o caso do asilo não teria ocorrido", diz Paulo Carbonari, presidente do CDHPF.
Procurada, a prefeitura afirma que as atividades econômicas são sempre discutidas com o Comitê de Orientação Emergencial, formado por hospitais, médicos e faculdades de medicina considerando a ocupação dos leitos.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), anunciou em 15 de abril a flexibilização do comércio no estado, incluindo shoppings. A exceção é a região metropolitana de Porto Alegre. Os prefeitos, porém, podem manter o distanciamento por meio de decretos municipais. Passo Fundo, por exemplo, mantém os shoppings fechados apesar da permissão.
Nesta segunda-feira (27), Leite afirmou, durante uma transmissão em vídeo pela internet, que o governo está "analisando com cuidado" a situação de Passo Fundo para avaliar "eventuais maiores restrições". O governo está elaborando um modelo de distanciamento social com base em número de leitos, casos, mortes e regiões do estado. O modelo deve ser aplicado em maio.