Inconformada com a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de suspender o primeiro júri da tragédia na boate Kiss – que estava marcado para esta segunda-feira (16) –, a defesa do réu Luciano Bonilha Leão decidiu recorrer. Segundo o advogado Jean de Menezes Severo, o recurso será direcionado ao Supremo Tribunal Federal (STF) ainda na manhã desta sexta-feira (13).
— Recebemos a decisão do STJ com indignação. Já estávamos todos preparados para o plenário e, em cima da hora, sai uma decisão dessas. É inexplicável, porque o mesmo ministro (Rogerio Schietti Cruz , responsável pela suspensão) já havia se manifestado, lá atrás, dizendo que Santa Maria é que deveria julgar o caso. Isso só reforça a ideia de que o Ministério Público não tem absolutamente nada contra o Luciano e de que ele deve ser absolvido — disse Severo.
A intenção do advogado e dos demais integrantes da defesa de Bonilha Leão – Gustavo Nagelstein, Tomás Gonzaga, Filipe Trelles e Martin Mustschall Gross – é fazer o possível para manter o julgamento na próxima segunda-feira (16), a partir das 10h, no Centro de Convenções da Universidade Federal de Santa Maria.
Luciano Bonilha Leão era assistente de palco da banda Gurizada Fandangueira e foi ele quem acionou o artefato pirotécnico que estava na mão do cantor Marcelo de Jesus dos Santos, também réu, e começou as chamas na espuma no teto da boate. Em entrevista a GaúchaZH publicada no dia 11 de março, Bonilha Leão relembrou tudo o que aconteceu no dia da tragédia e afirmou que é inocente – alegação contestada pela Associação de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM). Ele diz que apenas cumpriu o que haviam lhe pedido como funcionário da banda e acredita que será absolvido.
Na ocasião, o réu afirmou que desejava ser julgado em Santa Maria e não em Porto Alegre, como ocorrerá com os demais três acusados (Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista do grupo, Elissandro Spohr (Kiko) e Mauro Hoffmann, sócios da boate).
A suspensão é válida até o Tribunal de Justiça do Estado (TJ) julgar o pedido de desaforamento – ou seja, de alteração do local do julgamento – solicitado pelo Ministério Público. A promotoria havia pedido que Bonilha Leão fosse julgado com Elissandro Spohr, Mauro Hoffmann e Marcelo de Jesus, em Porto Alegre.
Procurada por GaúchaZH, a assessoria de comunicação do TJ informou que o órgão deve divulgar nota sobre o caso ainda nesta sexta-feira (13).