Correção: o navio tem 4 mil toneladas, e não 4 milhões, como enviado inicialmente pela agência Folhapress e publicado neste texto entre 20h46min e 23h23 de 27 de fevereiro. O texto já foi corrigido.
O Ibama (Instituto Nacional de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) informou nesta quinta (27) que o navio encalhado na costa do Maranhão, contratado pela Vale, tem 4.000 toneladas de óleo combustível. As autoridades tentam acelerar o processo de retirada, para evitar um desastre ambiental.
O volume de combustível no navio é quase equivalente às cerca de 5 mil toneladas de resíduos oleosos (óleo misturado a areia e água) recolhidas nas praias do Nordeste após vazamento de origem não identificada em 2019. Ainda não há sinais de vazamento no Maranhão, mas especialistas alertam para o risco de rompimento do casco da embarcação. Segundo a Vale, são 3,5 mil toneladas de óleo residual e 140 toneladas de óleo destilado.
O navio Stellar Banner deixava o terminal da Ponta da Madeira rumo à China quando sofreu avarias no casco após tocar o fundo do mar. Para evitar naufrágio, o comandante encalhou a embarcação em um banco de areia a cerca de cem quilômetros da costa.
Segundo a Vale, o Stellar Banner pode carregar 294,8 mil toneladas de minério de ferro. Ele mede 340 metros de comprimento, o equivalente a três campos de futebol, e tem 55 metros de largura. Seu tamanho é um dos fatores que amplia o risco de vazamento, já que a distribuição irregular do peso da carga ou a força das ondas pode provocar a ruptura do casco. Nesta quinta, quatro rebocadores prestavam apoio no local. Um deles ajudava a manter o navio na posição em que se encontra.
Ainda não há prazo para o início da operação de retirada do óleo — que geralmente é feita com o apoio de barcaças, que recebem o produto dos tanques dos navios. A Vale informou que pediu à Petrobras embarcações recolhedoras de óleo no mar e está contratando barreiras de contenção, para o caso de vazamento. O Ibama sobrevoou a área por volta das 16h desta quinta.
Segundo o coordenador de Atendimento a Acidentes Tecnológicos e Naturais do Ibama, Marcelo Amorim, inspeção visual não identificou manchas de óleo perto do navio. Devido ao clima, porém, não foi possível usar os sensores da aeronave. A equipe sobrevoou também praias que poderiam ser atingidas por eventual vazamento, de acordo com simulações de maré, e também não encontraram sinais de poluição por óleo. Novo sobrevoo será feito nesta sexta-feira (28).
Pela manhã, as autoridades se reuniram para discutir o processo de resgate com a Vale e a Ardent Global, empresa contratada pela dona do navio. Segundo a Marinha, a Ardent está realizando inspeções das condições estruturais do navio. Caso a retirada do óleo seja bem sucedida, o próximo passo é tentar flutuar artificialmente o navio, para transporte até o terminal, onde o minério seria retirado. Todo o processo, porém, depende da manutenção das condições estruturais do casco.
Em nota distribuída nesta quinta, a Polaris diz que o Stellar Banner "entrou em contato com algo não identificado no fundo do mar", o que levou a danos em tanques de água e espaços vazios em seu casco — trata-se de um navio de casco duplo, que é uma proteção extra contra colisões. "Acredita-se que os porões de carga esteja intactos e a situação está sob controle", afirmou a companhia.
Sediada em Seul, a Polaris é uma empresa especializada no transporte de minério de ferro, que tem em sua frota 36 navios. Deles, 27 deles são da mesma classe do Stellar Banner. Em 2017, um navio de sua frota, Stellar Daisy, afundou na costa uruguaia quando levava 260 mil toneladas de minério da Vale para a China. Apenas dois dos 24 tripulantes foram encontrados. Eles haviam escapado em um bote salva vidas.