O Delta do Parnaíba, localizado entre os Estados do Piauí e Maranhão, é o mais recente santuário ecológico ameaçado por resíduos de óleo, resquícios do vazamento detectado no começo de setembro. A Marinha confirmou no sábado (16) o aparecimento de petróleo cru no local, que integra um emaranhado de dunas, ilhas, mangues e igarapés.
Das 70 ilhas e praias do Delta, a Marinha localizou vestígios de óleos em seis localidades: Ilhas das Canárias, Poldros, do Caju, nas praias do Pontal, de Caiçaras e Barra das Melancieiras.
Militares da Marinha, Exército e servidores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio) iniciaram neste domingo (17) a retirada do material. A preocupação é barrar a chegada das manchas no Rio Parnaíba, que abastece parte dos moradores da região.
Resíduos já atingiram 643 localidades
Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o vazamento já afetou dez Estados, 116 municípios e 643 localidades.
O comandante da Capitania dos Portos do Maranhão, capitão Márcio Dutra, disse que as primeiras denúncias de manchas de óleo no Delta ocorreram em 18 de setembro na Ilha dos Poldros, no Maranhão. Segundo ele, são manchas pequenas, mas que reapareceram em grande extensão nas areias das praias.
– Os acessos ao Delta são difíceis, não há possibilidade por via terrestre, somente por barco, e devido a grande extensão da presença do óleo, estamos usando um helicóptero para ajudar no deslocamento da equipe e remoção do material – disse o comandante.
A Marinha do Brasil divulgou nota informando que neste domingo chegaria à região do Piauí e do Maranhão um navio patrulha para reforçar as buscas e recolhimento dos resíduos oleosos no mar. A pesca marinha e visitação do público nas ilhas e praias do Delta não foram proibidas.
A bióloga e auditora fiscal da Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Piauí, Waneska Vasconcelos, informou que o órgão monitora as áreas afetadas para declarar se as praias estão impróprias para o banho e avaliar os danos causados ao meio ambiente.
Até agora, três praias no Piauí – Atalaia e Peito de Moça, no município de Luis Correia, e Pedra do Sal, na cidade de Parnaíba – foram declaradas imprópria para o banho. As três praias não fazem parte do Delta do Parnaíba. Desde o aparecimento das manchas foram retirados 1,6 toneladas de material de sete praias do litoral piauiense, o menor do Nordeste com 66 km de extensão.
O secretário Municipal de Turismo de Ilha Grande, no Piauí, Adilson Castro, informou que a região do Delta tem um fluxo de 100 mil turistas por ano. Ele disse ainda que as manchas de óleo encontradas na Praia do Pontal, a primeira de acesso ao Delta, estão em parte ressecadas, indicando que provavelmente chegaram em setembro, mas foi escondida pela maré.
– Estamos treinando o pessoal para a retirada das manchas, tendo o cuidado para evitar ação voluntária desordenada para não ter registro de intoxicação – diz Castro.
O comandante da Capitania dos Portos do Piauí, capitão Benjamin Dante Lima informou que o estado recebeu reforço de fuzileiros de Belém, do Pará, além de militares do Exército e Bombeiros de Teresina (PI) para ajudar na força-tarefa de remoção do material.
– Consideramos uma situação de guerra, um crime ambiental, uma situação inesperada, inédita, nunca vista na história do litoral piauiense – disse o comandante Dante Lima.