A greve de fiscais estaduais agropecuários – que iniciou nesta terça-feira (26) - atinge a Supervisão Regional da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação em Santa Maria que atende 26 municípios da Região Central. Com isso, serviços como emissão de Guias de Trânsito Animal (GTAs), comprovação de vacinação contra a febre aftosa, fiscalizações, entre outros, estão suspensos. De acordo com o supervisor do departamento, Ernani Brunelli Alves, nos 26 municípios que compõem a regional, são 17 inspetorias veterinárias e 9 escritórios de defesa agropecuária (conveniados com prefeituras) que estão com os serviços interrompidos pela paralisação dos servidores.
A greve se dá, entre outras questões, em função das medidas que vem sendo adotadas pelo governo do Estado como o atraso no pagamento dos salários e as reformas propostas pelo governador Eduardo Leite no serviço público.
O supervisor explica que, com isso, os produtores não conseguem garantir a autorização para trânsito de animais. A exceção são produtores rurais que possuem cadastro para emitir a guia de trânsito pela internet, mas, mesmo assim, essa condição só vale para situações específicas como transferência de animais de uma propriedade para outra para finalidade de engorde, por exemplo.
Também estão entre os serviços impactados pela greve dos fiscais estaduais agropecuários, a fiscalização dos abates nos frigoríficos e também da deriva do agrotóxico 2,4 D.
— Não tem como o produtor fazer qualquer tipo de trânsito e transporte de animais. Para qualquer situação seja entre produtores, para venda, remates ou abates. No caso de frigoríficos, eles podem entrar com liminar solicitando o abate, aí o Estado tem que cumprir e designar um profissional para fazer o serviço —, declarou Alves.
A paralisação também afeta a campanha de vacinação contra a febre aftosa porque como os produtores não têm como comprovar a vacinação nas inspetorias de origem, também não há como fazer os lançamentos de dados e o controle de animais que já foram imunizados.
A campanha termina no dia 30 deste mês e a previsão desta segunda etapa é imunizar aproximadamente 320 mil bovinos e bubalinos na região. Somente em Santa Maria a expectativa é de vacinar 32 mil animais. Após o término da campanha, os produtores têm até cinco dias úteis para comprovarem a vacinação do rebanho. Contudo, em função da greve, Alves destaca que esse prazo pode sofrer alteração:
— Independente da paralisação a campanha tem que continuar. O dever do criador em vacinar continua até o final do mês. Depois, dependendo do andamento da greve, vamos dizer se aqueles cinco dias posteriores para comprovar a vacinação serão ampliados.
O supervisor destaca também que os produtores que tiverem dúvidas podem procurar as inspetorias veterinárias onde devem ser orientados sobre como proceder diante da paralisação dos servidores.
Entre as motivações da greve, conforme nota no site da Associação dos Fiscais Agropecuários do Estado (Afagro), estão o “o atraso dos salários há 48 meses e a falta de reposição das perdas inflacionárias, somadas ao pacote do governador Eduardo Leite” que, conforme a entidade, “retira inúmeros direitos dos servidores do Estado”.
A greve é unificada com as categorias ligadas ao Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Rio Grande do Sul (Sintergs) e à Frente dos Servidores Públicos (FSP).