O comandante do Corpo de Bombeiros do Ceará, Eduardo Holanda, confirmou, no final desta terça-feira (15), uma morte em decorrência do desabamento de um prédio residencial em Fortaleza (CE). A vítima foi identificada como Frederick Santana dos Santos, de 30 anos. De acordo com o portal G1, ele estava em um mercadinho que funcionava ao lado do prédio e que foi atingido pelos escombros.
Até o início da madrugada desta quarta-feira (16), nove pessoas foram resgatadas com vida e outras oito estão desaparecidas.
Ao longo da noite, Holanda, após a corporação e o governo do Estado confirmarem um óbito, negou que houvesse vítima fatal confirmada.
O prédio desabou por volta das 10h30min de terça. O edifício, de sete andares, fica na esquina entre as ruas Tibúrcio Cavalcanti e Tomás Acioli, no bairro Dionísio Torres, zona nobre da capital cearense.
— Vamos continuar trabalhando até que todos sejam encontrados. Estamos trabalhando num primeiro momento manualmente, procurando pelas frestas e tentando contato com as vítimas. Maquinário pesado só entra depois das primeiras 24 horas — disse Holanda.
Ainda segundo ele, não há crianças entre os resgatados e entre os reclamados. Ao menos um cachorro também foi resgatado.
Holofotes chegaram ao local para que as buscas continuem durante a noite desta terça.
Um estabelecimento comercial ao lado foi atingido pelos escombros, além de carros e um caminhão que estavam na rua um homem que ficou preso no mercadinho atingido foi resgatado e encaminhado a um hospital.
As ruas no entorno foram bloqueadas pela polícia. O Corpo de Bombeiros pediu para que vizinhos deixassem seus imóveis, devido aos riscos de explosão por conta de vazamento de gás e de choque dos fios de energia elétrica.
Ainda não há informação do que pode ter causado a queda do prédio, que fica a três quilômetros da praia de Iracema, um dos tradicionais pontos turísticos da capital cearense.
O governador Camilo Santana (PT) lamentou a tragédia e disse por meio das redes sociais que colocou toda a força operacional do Estado no socorro às vítimas. O petista, que estava chegando a Brasília para cumprir agendas, cancelou os encontros e voltará para Fortaleza para acompanhar o resgate. "Além das ações efetivas das nossas forças de segurança, façamos uma corrente de oração para que as vidas sejam salvas", escreveu.
Prédio da década de 1990
A construção do edifício que desabou é dos anos 1990, segundo a Prefeitura de Fortaleza. O prefeito Roberto Cláudio (PDT) disse que irá pedir uma investigação rígida das causas e acompanhará o caso pessoalmente.
— A única informação que temos até o momento é que era um prédio antigo, mas não temos nenhuma informação específica a respeito de licença, de alvará, de habite-se. Tudo ainda na fase da especulação. Isso é outra fase, agora é concentração de esforços para resgatar as vítimas que ainda se encontram nos escombros — afirmou.
Vídeo que circula nas redes sociais mostra que os pilares do edifício estavam deteriorados.
Presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea), o engenheiro civil Emanuel Maia Mota disse nesta terça que existe uma Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) com data desta segunda-feira (14) relatando a execução de recuperação da construção e pintura no imóvel.
— O documento foi feito de forma simples, sem maiores detalhes — disse Mota.
ART é um documento que caracteriza direitos e obrigações entre profissionais da área e contratantes. O engenheiro responsável, que não teve o nome revelado, será chamado para dar informações sobre o edifício. Uma eventual punição pode chegar à suspensão do registro profissional.
Ainda de acordo com o presidente, o prédio era velho e necessitava de reformas. Ao contrário do informado pela prefeitura, Mota afirmou que o edifício foi construído há mais de 40 anos. Ele não soube dizer se o local já estava em obras:
— Ele (engenheiro) não dá maiores detalhes, se começou a obra, quando começou, se não começou. Enfim, não temos como dimensionar o que se passou ali.
Não há um registro de projeto, apenas a execução do serviço, ainda conforme o presidente do Crea.
Mota disse também que os vídeos que circulam em redes sociais mostram "grave desgaste da estrutura".
— Fortaleza tem atmosfera agressiva devido à salinidade do mar. Qualquer fissura agrava ainda mais o potencial de risco das edificações.
No início de junho, um prédio no bairro Maraponga teve desabamento parcial, depois da queda das colunas de sustentação o que levou a retirada de moradores do local e a evacuação de casas vizinhas. A Polícia Civil do Ceará indiciou os proprietários do local pelos crimes de desabamento e dano qualificado, duas semanas atrás.
— Tudo agora é especulação, não temos nenhuma informação a dar. São imóveis ambos privados, no caso da Maraponga havia uma responsabilidade direta do proprietário que construiu sem licença, sem alvará, cometeu irregularidades que foram identificadas. A gente conseguiu identificar a responsabilidade. Seria agora pouco razoável, precoce e até irresponsável a gente sinalizar cenários de especulação — disse o prefeito.