A Justiça decretou a prisão temporária por 30 dias de três investigados no desabamento de prédios que deixou ao menos 20 mortos na favela da Muzema, na zona oeste do Rio de Janeiro. Eles são apontados como os responsáveis por construir e comercializar as unidades. O trio é considerado foragido.
José Bezerra de Lima, conhecido como Zé do Rolo, como o construtor dos imóveis e Renato Siqueira Ribeiro e Rafael Gomes da Costa foram reconhecidos por vítimas ouvidas na delegacia e também são investigados por envolvimento milícias, segundo disse a Polícia Civil do Rio de Janeiro, em nota. como os corretores responsáveis pela venda.
O pedido foi feito pela delegada Adriana Belém, da 16ª DP na Barra da Tijuca. Ela disse que o caso está sendo investigado como homicídio com dolo eventual.
— A gente entende que aquele que constrói um prédio daquela forma, naquelas circunstâncias, assume o risco pela morte daquelas pessoas — disse ela à TV Globo.
A Muzema é uma área controlada por milicianos. Em razão da quadrilha que atua no local, as vítimas do desabamento resistiam a ir à polícia contar o que sabiam sobre a construção e a venda dos imóveis. Belém não informou quantas testemunhas ouviu para pedir a prisão.
— Ontem foi o nosso primeiro contato com as vítimas que atenderam aos nossos apelos. Certamente, por motivos óbvios, apresentavam certa resistência. Mas buscaram na Polícia Civil um certo conforto e reconheceram o Zé do Rolo como o construtor e os outros dois os vendedores — disse a delegada. — São pessoas que vendiam sonho para pessoas humildes que receberam a tragédia, a desgraça — destacou Adriana Belém.
A reportagem não localizou a defesa dos três investigados.
Desaparecidos
Os bombeiros ainda atuam na área para tentar localizar três desaparecidos no desastre em Muzema. Na quinta-feira (18), o corpo de uma mulher adulta foi encontrado sob os escombros dos prédios. Entre os 20 mortos na tragédia, 18 foram retirados já sem vida dos escombros, enquanto outros dois vieram a óbito em unidades de saúde.
Na quarta (17), foi descoberto que uma das pessoas consideradas desaparecidas estava entre os mortos. A identidade, contudo, não foi revelada pelos bombeiros.
Desde o desabamento dos prédios, no dia 12 de abril, oito pessoas foram resgatadas dos escombros com vida e sobreviveram aos ferimentos. Três feridos seguem internados em hospitais do Rio.