Morador do bairro Passo da Lagoa, em São Gabriel, há mais de 40 anos, o aposentado Danilo Machado Nunes observa o nível do Rio Vacacaí, que já estava próximo de sua casa no fim da manhã desta sexta-feira (26). Vizinhos que tiveram as casas invadidas pela água já haviam saído de casa, mas ele resistia de deixar a residência.
— A gente fica cuidando. De todo tempo que eu moro aqui, só precisei sair da casa em janeiro, mas aquela enchente foi muito maior. Agora eu fico aqui na janela, monitorando – afirma o morador.
Sobre a enchente de janeiro, ele conta que não perdeu tudo porque conseguiu encaminhar os móveis para abrigos da prefeitura. Em casa, como medida preventiva, ele já está erguendo o mobiliário do chão.
— Tem que se preparar, né. Da outra vez a gente não esperava que chegasse aqui em casa e chegou. Agora a gente se preocupa, porque vai que suba de novo.
Da outra vez, o nível do Vacacaí chegou a 14 metros. Foi considerada a maior enchente da cidade nos últimos 20 anos. A água invadiu a casa de Danilo e dos vizinhos. Para indicar até onde foi o nível do rio, eles usaram um carro, que estava abandonado na rua.
— Daquela vez, a água foi até o teto do carro. Ficou só a pontinha aparecendo. Desta vez, recém chegou na roda.
Em todos os pontos de alagamento, onde a água está na beira das casas, mas ainda não invadiu, a situação é bem parecida. Moradores ficam reunidos, usando galochas, com chimarrão, café ou cerveja, avaliando a elevação do rio. Eles torcem para que a água não chegue nas residências, mas se preparam para o caso de precisarem sair.
A Defesa Civil do município é enfática: onde a água já está à porta, os moradores não devem esperar alagar a casa para sair. Quanto antes for feita a retirada dos móveis e o deslocamento para outros bairros, mais seguros estarão.
— Nosso trabalho começou antes da cheia invadir as casas. Orientamos os moradores a sair de casa, mas nem sempre eles querem deixar. Quanto mais cedo saírem, mais tranquilamente conseguimos retirar os móveis, e menos risco eles correm — afirma Ricardo Barbosa Júnior, coordenador da Defesa Civil do município.
