Uma parada para o almoço salvou a vida do soldador Eridio Dias, de 32 anos, em 2015, quando houve o rompimento de uma barragem em Mariana. Ele era um dos operários que trabalhavam no local no dia da tragédia. À época, Eridio escapou da lama que desceu de Fundão e saiu vivo do desastre que deixou 19 pessoas mortas. Agora, está na lista de desaparecidos de Brumadinho.
O irmão do soldador, Laércio Dias, contou que constantemente Eridio relatava, com muita emoção, como escapou ileso.
— Ele saiu para almoçar fora do local de serviço naquele dia e, quando voltou, a lama tinha tomado conta da parte baixa da mineradora, bem onde ele trabalhava.
Três anos depois, Eridio é um dos 205 desaparecidos na tragédia de Brumadinho.
— Ele estava almoçando no refeitório quando veio aquele monte de lama e levou todo mundo — contou a tia Luzia Aparecida Felipe, de 49 anos.
Muito abalada e sem sinais do sobrinho, ela diz que não há muitas esperanças de encontrá-lo com vida.
— Cheguei a pensar que estava em um mato ou tivesse sido socorrido por alguém, que estivesse em alguma casa da região. Mas a ficha vem caindo com o passar dos dias — afirmou, emocionada.
— Naquela vez, ele se salvou. Agora, a gente acha muito difícil. Só Deus sabe —lamentou o irmão, que veio para Brumadinho acompanhar os trabalhos de busca dos bombeiros.
Antes de chegar à cidade, Laércio passou pelo Instituto Médico-Legal (IML) de Belo Horizonte, onde amostras de DNA foram colhidas para possíveis tentativas de reconhecimento do corpo.
— É muita dor, um sofrimento que não tem fim — comentou Laércio.
Eridio é funcionário de uma empresa terceirizada da Vale e sempre viajava para outras áreas de mineração pelo Estado. Não tinha base fixa, segundo a família. O rapaz tem uma filha de 7 anos e estava há cerca de seis meses prestando serviços em Brumadinho.
— A menina pergunta todos os dias pelo pai. Já não sabemos mais o que dizer — comentou o irmão.