O sol que brilha durante o fim de semana em toda a Fronteira Oeste é enganador. A perspectiva é de volta da chuva a qualquer momento. Mais do que isso, basta uma volta pelas ruas de Alegrete, a cidade mais atingida, para perceber que os alagamentos persistem. O número de flagelados até aumentou: passou de 2,4 mil no sábado (12) para 4,3 mil neste domingo. Isso aconteceu apesar do nível do rio Ibirapuitã ter baixado, de 15,7 metros acima do normal (maior cheia desde 1959) para 12,8 metros.
Como o número de desabrigados (que tiveram casas danificadas e foram para abrigos), desalojados (que foram para residência de familiares) e atingidos em geral aumentou, apesar da chuva ter parado? É porque muitas vítimas da enxurrada da primeira noite só apareceram agora para se cadastrar no setor da prefeitura que contabiliza os prejuízos, explica o prefeito alegretense Márcio Amaral. Quando as equipes da Defesa Civil que estavam no Interior retornaram com novos dados, o número de flagelados subiu.
O prefeito calcula em R$ 30 milhões as perdas na infraestrutura do município, sobretudo em ruas cujo calçamento levantou pela força das águas, calçadas danificadas e prédios públicos inundados. No setor privado ainda não há estimativa prevista, mas há pessimismo quanto à pecuária, atividade principal de Alegrete. É possível que milhares de cabeças de gado tenham morrido em decorrência das cheias. Um dos prejuízos já constatado é com leite, porque os criadores não conseguiram ordenhar muitas vacas que ficaram isoladas, nem escoar a produção, pelo bloqueio de estradas.
O prefeito solicitou ao governador Eduardo Leite R$ 10,5 milhões, imediatos, para ajuda no setor de saúde. É que a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) foi inundada e os pacientes tiveram de ser transferidos para o Hospital Santa Casa, que está ainda mais superlotado que o usual.
O governador prometeu ajuda, sem informar números.
Eduardo Leite já assegurou o repasse de R$ 500 mil em horas/máquinas para reconstrução de estradas e bueiros e, também, envio de kits de ajuda humanitária para 500 famílias (cerca de 2 mil pessoas). Eles são compostos de cesta básica para um mês, artigos de higiene pessoal e para a moradia, colchão e cobertores.