Os usuários da BR-101 têm reclamado da diferença na conservação do asfalto na rodovia. O lado de Santa Catarina recebe elogios. O do Rio Grande do Sul, críticas.
— O nosso lado, do Rio Grande do Sul, sofre com a falta de manutenção preventiva e rotineira. Além do mais, nós não temos controle de excesso de peso — diz o doutor em Transportes João Fortini Albano.
O que justifica a diferença, se a rodovia é administrada pelo mesmo órgão? A reportagem de GaúchaZH foi em busca das respostas e encontrou ao menos quatro motivos.
1- SC teve mais recursos do orçamento da União
De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), do lado gaúcho, em 2018, o investimento foi de R$ 300 milhões manutenção dos trechos rodoviários. O Estado catarinense recebeu R$ 157,52 milhões, como informou o departamento.
No ano passado, Santa Catarina recebeu R$ 187,77 milhões em manutenção. Já o Rio Grande do Sul recebeu R$ 356 milhões.
Enquanto no Rio Grande do Sul, o Dnit cuida de aproximadamente 5 mil quilômetros, no Estado vizinho é responsável por 1,8 mil quilômetros. Sendo assim, proporcionalmente, o investimento em manutenção é maior em Santa Catarina.
2- Rodovia prioritária em SC
A BR-101 é vista como uma das principais rodovias de Santa Catarina. Por ser prioridade, recebe mais recursos. A Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) criou um grupo denominado BR-101 do Futuro, que estuda melhorias para a rodovia.
Segundo o presidente da federação, Mario Cezar de Aguiar, Santa Catarina tem vocação para ser uma plataforma logística importante para o Brasil, e a BR-101 tem relação direta com esse planejamento.
No Rio Grande do Sul, esse título de rodovia é dividido com outras, como a BR-116, a BR-386 e a BR-290, que há anos pleiteiam recursos para conseguir concluir duplicações necessárias. Por já ter sido duplicada, na década passada, a quantidade de investimentos no trecho entre Osório e Torres foi reduzido drasticamente.
3- Pedágio em SC
No trecho de aproximadamente 200 quilômetros entre Palhoça e Garuva, divisa com o Paraná, a rodovia é pedagiada e de responsabilidade da empresa Autopista Litoral Sul.
Os outros 220 quilômetros da BR-101 catarinense recebem investimento do Dnit, mas por pouco tempo. A Agência Nacional de Transportes Terrestre (ANTT) está desenvolvendo um leilão para oferecer esse trecho também para a iniciativa privada. Os estudos técnicos já foram realizados e o edital deverá ser construído ao longo de 2019.
No Rio Grande do Sul, toda a extensão da rodovia é de responsabilidade do Dnit.
4- A pista da BR-101 catarinense é mais nova
A última obra dos 88,5 quilômetros do trecho do Rio Grande do Sul foi entregue no fim de 2010. Mas já em 2007 era possível trafegar por trechos duplicados entre Morro Alto e Osório. O lado catarinense, porém, demorou mais para concluir suas obras, o que ocorreu somente em setembro de 2016.
Como não enfrenta a falta de recursos que seus colegas gaúchos, o Dnit catarinense investe rotineiramente nos 220 quilômetros de sua competência. Três contratos de manutenção estão em execução desde 2014 e já foram investidos R$ 8,48 milhões na conservação da rodovia.
No Rio Grande do Sul, a empresa Pavidez é a responsável pela conservação entre Osório e Torres. Tem contrato em vigor de agosto de 2017 até o agosto de 2019. Tem a previsão de receber R$ 34,68 milhões neste período. A dificuldade é que o governo federal tem contingenciado a liberação de recursos para a manutenção das rodovias federais e a autarquia não consegue manter um ritmo de investimento adequado à necessidade.