Motoristas que circularam em rodovias estaduais e federais gaúchas receberam, em média, 2.122 multas por dia em 2018. Dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), contabilizados até o dia 31 de agosto, apontam que 774.675 multas foram aplicadas em estradas do Rio Grande do Sul. No caso das rodovias federais, o levantamento engloba apenas motoristas gaúchos.
Se comparado o número com o mesmo período do ano passado, percebe-se uma diminuição: até agosto de 2017, 1.021.376 multas haviam sido aplicadas em rodovias federais e estaduais do Rio Grande do Sul. A redução, no entanto, ainda não pode ser comemorada, já que, segundo o Detran, os dados de agosto deste ano possuem certa defasagem, principalmente em relação às rodovias federais. Isso ocorre porque as multas aplicadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) só são registradas depois de decorrido todo o prazo de defesa, o que pode levar até três meses.
— O que a PRF observa é que há um padrão de comportamento de uma maioria dirigindo corretamente, e uma minoria dirigindo incorretamente, mas que acaba sendo multada mais de uma vez. A PRF tem feito fiscalizações direcionadas onde há maior número de acidentes, para ter mais eficiência, não buscando quantidade de multas, mas eficiência na questão educativa — explica o chefe de comunicação da PRF no RS, Alessandro Castro.
Em 2018, o número de multas aplicadas se divide de maneira quase igual entre rodovias federais e estaduais: foram 396.528 em BRs e 378.147 em RSs. A infração campeã no número de autuações é o excesso de velocidade: 594.547 multas aplicadas em 2018 se referem ao Artigo 218 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o que corresponde a 76,74%.
Segundo o Detran, o alto registro no número de multas por excesso de velocidade ocorre porque grande parte das infrações é detectada por equipamentos eletrônicos. De julho de 2017 a julho de 2018, 19% dos registros foram feitos por pardais móveis, 19% por pardais, 5% por caetanos e 5% por lombadas eletrônicas. Segundo a PRF, a abordagem do policial ao motorista em alta velocidade é sempre priorizada, mas nem sempre possível:
— No caso dos radares, colocados pelo Dnit, não é em todos os pontos que se consegue abordar o motorista que passa em alta velocidade. A gente procura fazer, principalmente, em pontos mais problemáticos, mas nem sempre é possível. O ideal é sempre o policial na rua, mas a falta de efetivo também acaba prejudicando. O problema, no caso dos pardais, é que há muito direito a recurso, e a capacidade educativa da multa demora muito para ter efeito, ou às vezes nem ocorre — afirma Castro.
Número maior de mortes nas estradas
De acordo com os dados do Detran, o número de mortes nas rodovias estaduais e federais do Estado foi maior este ano: foram 541 registros em 2018, contra 530 no ano passado.
A percepção do Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) é de que o comportamento do motorista piorou:
— Percebemos que o motorista gaúcho, até pelo que vimos no feriadão, tem tido uma mudança de comportamento para a pior. Talvez em virtude da tecnologia que os veículos têm, os motoristas se sentem mais seguros e acabam confiando mais na máquina, e a o acidente acontece. Infelizmente, sabemos que o que funciona melhor é a repressão, através das multas. Só não conseguimos fazer mais operações por deficiência de efetivo. Hoje, o radar é utilizado de forma ostensiva, e, quando o condutor passa por ele, acaba reduzindo a velocidade por intimidação. Também tentamos trabalhar os casos de embriaguez: só no último feriadão, foram 50 CNHs recolhidas — detalha o responsável pelo CRBM, coronel José Henrique Botelho.
Mais de 12 mil autuações preveem suspensão ou cassação da CNH
Das mais de 74 mil multas aplicadas este ano, 12.513 autuações referem-se a artigos do CTB que preveem suspensão ou cassação da Carteira Nacional de Habilitação. A irregularidade mais comum é a velocidade 50% superior à máxima da via: a infração foi flagrada 8.810 vezes.
Além disso, 3.579 multas referem-se a motoristas que foram flagrados dirigindo bêbados. As outras duas se referem a furar barreira policial e disputa de corrida. O Detran, no entanto, afirma não ser possível confirmar quantas dessas, de fato, geraram cassação ou suspensão da carteira.
Infrações mais cometidas pelos motoristas
Além do excesso de velocidade, que corresponde a 76,74% das autuações em rodovias federais e estaduais em 2018, outras duas infrações destacam-se com maior número de flagrantes em 2018.
Em segundo lugar, mas com bem menos ocorrências, está o Artigo 230, que corresponde a conduzir o veículo com lacre ou placa violados ou falsificados, transportar passageiros em compartimento de carga sem permissão, circular sem uma das placas ou sem licenciamento, entre outros. Até agora, foram 52.696 flagrantes, o que equivale a 6,8% do total.
A falta do uso de cinto de segurança, prevista no Artigo 167, aparece em terceiro lugar: foram 24.908 flagrantes, o que corresponde a 3,2% do total.
Em 2017, as duas irregularidades mais cometidas pelos motoristas foram as mesmas de 2018. Chama a atenção, no entanto, que em terceiro lugar aparece o Artigo 250, que se refere à não utilização de luz baixa durante a noite e durante o dia, no caso de túneis e de rodovias, e em outros casos em que as luzes de posição ou a iluminação da placa traseira são exigidos.
Multas em rodovias federais e estaduais do RS
Total (até 31 de agosto): 774.675
1- Art. 218: 594.547 - 76,74% do total
320.464 em rodovias federais e 274.083 estaduais
"Art. 218. Transitar em velocidade superior à máxima permitida para o local, medida por instrumento ou equipamento hábil, em rodovias, vias de trânsito rápido, vias arteriais e demais vias"
2- Art. 230: 52.696
18.201 em rodovias federais e 34.495 em rodovias estaduais
Art. 230: conduzir o veículo com lacre, placa ou outro elemento violado ou falsificado, transportando passageiros em compartimento de carga sem permissão, com dispositivo anti-radar, sem uma das placas ou sem licenciamento, entre outros.
3- Art. 167: 24.908
9.075 em rodovias federais e 15.833 em rodovias estaduais
Art. 167: "Deixar o condutor ou passageiro de usar o cinto de segurança".