O fluxo de venezuelanos viajando para o Brasil diminuiu neste domingo (19), após um dia de tensão e tumulto na cidade de Pacaraima, em Roraima. Segundo a Polícia Militar, a situação estava tranquila pela manhã, pois o "o fluxo foi muito menor do que nos dias anteriores".
No sábado (18), moradores atacaram dois acampamentos improvisados dos imigrantes, fazendo com que pelo menos 1,2 refugiados voltassem à Venezuela. O motivo teria sido uma tentativa de assalto a um comerciante brasileiro, que teria sido ferido em sua casa. Os familiares da vítima culparam os venezuelanos. Após o episódio, dezenas de moradores foram às ruas e perseguiram os imigrantes até a linha da fronteira.
— Foi terrível, queimaram as barracas e tudo o que havia dentro — contou à AFP Carol Marcano, venezuelana que trabalha em Boa Vista e que estava na fronteira voltando de seu país. —Houve tiros, queimaram pneus — completou.
Enquanto isso, o Ministério venezuelano das Relações Exteriores solicitou no sábado às autoridades brasileiras as "garantias correspondentes aos nacionais venezuelanos e que tome as medidas de proteção e segurança de suas famílias e bens". A governadora do estado de Roraima, Suely Campos, reiterou que deveriam fechar temporariamente a fronteira, porque as autoridades estão sobrecarregadas, especialmente na capital Boa Vista, e pediu a Brasília reforços para "enfrentar o aumento da criminalidade".
O presidente Michel Temer convocou uma reunião de emergência neste domingo (19) para avaluar a situação na fronteira com a Venezuela. O Executivo resolveu enviar um contingente de 120 efetivos da Força Nacional para reforçar a segurança e 36 voluntários para atender a área de saúde. Nesta segunda-feira (20), uma nova reunião deve ocorrer para discutir o tumulto e a redistribuição dos imigrantes entre vários Estados brasileiros.
— A cidade parece deserta hoje. Está muito tranquila, porque chegou reforço policial, e os mercados estão reabrindo — disse à AFP um morador que pediu anonimato.