Quatro famílias, retiradas das margens da RS-118 para a realização de obras de duplicação da rodovia, estão vivendo há quase três meses no ginásio da Escola Municipal Prefeito Walmir dos Santos Martins, em Sapucaia do Sul. A remoção iniciou no dia 23 de maio, e essas pessoas foram encaminhadas para o local no dia seis de junho.
A promessa era de que ficariam no local por 30 dias, e, depois, o Governo do Estado se comprometeria em realocar essas pessoas conforme ofício encaminhado à Prefeitura do Município. As famílias também receberiam valores do aluguel social.
Mas, passados quase 3 meses, nada mudou. Ao todo, quatro adultos, três crianças e dois cachorros vivem no local. Quatro barracas improvisadas estão espalhadas pelo ginásio. Em uma delas mora Carina Deli Arceno, 24 anos, e a filha Marina, de 4 anos. Ela está desempregada e diz que a situação é muito ruim.
— Tem muitas fezes de pombo e faz muito frio. As crianças estão sempre doentes — conta Carina.
Em outra barraca mora a irmã de Carina, Cássia Deli, 21 anos, e a filha Caroline Vitória, de 6 anos. Ela também está desempregada e conta que somente nos primeiros dias apareceu uma assistente social.
— Veio uma assistente social e uma assistente da habitação, que deu uns papéis pra gente assinar e nunca mais apareceu — conta Cassia.
Na outra barraca mora Irma Deli Andrade, 18 anos, e a filha Ágata, de 4 anos. Ela é irmã de Cássia e de Carina. As três viviam há cinco anos no mesmo beco às margens da RS-118. O outro morador do ginásio é Adílson Borges Vieira, 40 anos, que também era vizinho das irmãs. Os cães Apolo e Mel completam a turma.
Além do problema habitacional, o fato de as famílias ocuparem o ginásio atrapalha os alunos da escola. Os 850 estudantes estão há quase três meses sem poder utilizar o local. Além disso, a instituição havia sido escolhida para receber o projeto Viva Vôlei, mas acabou sendo preterida por outra escola da cidade.
O banho é tomado no vestiário do ginásio. Inclusive, o chuveiro foi trazido de casa por Carina e instalado. A comida é feita na cozinha do ginásio, que só dispunha de uma pia, uma geladeira e uma churrasqueira. O fogão, foram as irmãs que trouxeram.
Por nota, a Secretaria Estadual dos Transportes diz que já resolveu cerca de 600 processos de reintegração na RS-118 e está adotando providências para atender as famílias restantes. Na semana que vem, o Estado pretende apresentar uma solução para essas pessoas.