O novo secretário dos Transportes do Estado garantiu que as obras para duplicação da RS-118, na Região Metropolitana, ficarão prontas até o final deste ano. Humberto Canuso, que assumiu a pasta no final de março, afirmou que os trabalhos são uma prioridade do governo gaúcho e que são realizados em diversas frentes.
Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, Canuso disse que um grupo de trabalho foi realizado recentemente para verificar o andamento da obra. Um dos impasses envolve a desocupação de algumas áreas ocupadas por famílias entre os quilômetros 0 e 5 da estrada. Entretanto, Canuso sustentou que o cronograma trabalhado pelo governo mantém a previsão de término dos trabalhos até o final do ano.
Ouça a íntegra da entrevista
— Em Sapucaia do Sul, nós temos mais de 300 famílias estão irregularmente no leito estradal e haverá reintegração. Já fizemos algo em Gravataí e conseguimos. Estamos com a licitação concluída, vai ser assinado o contrato com a empresa. Se for da mesma forma como foi anteriormente, nós podemos manter a finalização para o final do ano. A RS-118 é prioridade e não teremos nenhum problema de desembolso. Recursos, há. Projetos estão concluídos. O trâmite burocrático é a questão da liberação do leito da estrada entre o quilômetro 0 e 5 — disse.
Questionado sobre o antigo cronograma, que previa a conclusão dos trabalhos na metade do ano de 2019, Canuso disse que as obras podem ser realizadas em mais de uma frente para garantir a finalização do trecho. Conforme ele, existem 14 frentes de obras atuando concomitantemente na estrada.
Além da retirada das 300 famílias da área, estão previstas até o final do ano a construção de três pontes sobre o arroio Sapucaia.
Reintegração de posse
Durante a entrevista, o secretário frisou que já houve tratativas judiciais para a realização da reintegração de posse da área ocupada por aproximadamente 300 famílias no trecho de Sapucaia do Sul. Com isso, a previsão é de que a ação de reintegração de posse seja realizada até o final da próxima semana.
Conforme Canuso, muitos casos envolvem famílias que tinham um determinado terreno às margens da rodovia, mas invadiram o leito da estrada.
— Nós vamos começar devagar a avançar com a desocupação. Aí vamos colocando as máquinhas aos poucos na região, para que o local não seja reocupado — disse.
"Não tenho para onde ir", diz dona de casa
Gelsi Marcolin Monteiro tem 64 anos e mora há 38 no local que deverá ser desapropriado pelo governo do Estado, no quilômetro 0 da RS-118, em Viamão.
Ela disse que foi procurada há cerca de 20 dias por representates do Estado, que informaram sobre a ação de reintegração de posse. Logo depois, já procurou advogado para a auxiliar.
— Casei e criei meu filho aqui. Meu marido já morreu. Não tenho para onde ir. Há muito tempo tem essa história por aqui — conta ela, afirmando ter escritura do terreno.
Há alguns anos, ela disse que a prefeitura deixou de cobrar IPTU dos moradores da região. Ela reconhece que o pátio da casa fica exatamente onde deve passar o novo trecho da estrada.
Outros moradores também temem ter que deixar o local. Muitos procuraram advogados e entraram com ações para que o Estado não realize o trabalho de desapropriação. Até o momento, nenhuma decisão prevê a suspensão da reintegração de posse na região.