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O Rio Grande do Sul teve o quarto maior número de mortes do país em acidentes ocorridos em rodovias federais em 2017, aponta estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT). De janeiro a dezembro do ano passado, 391 óbitos foram registrados nas estradas gaúchas.
A alta de 12,4% em relação a 2016 reforça a preocupação de especialistas com as condições de infraestrutura e manutenção das vias federais.
— Além de condutores imprudentes, há estradas perigosas no Estado, com locais sem controle de velocidade e falta de acostamento. O espaço viário, projetado há pelo menos meio século, está depauperado — define o sociólogo e consultor em segurança no trânsito Eduardo Biavati.
O estudo da CNT ainda sublinha que o Rio Grande do Sul, em 2017, teve 3.837 acidentes com vítimas (mortos e feridos), o quinto maior total do país. Apesar de elevado, o patamar indica leve baixa de 2,1% ante o resultado de 2016.
Cinco trechos nos 100 mais perigosos
Conforme a CNT, os dados da pesquisa refletem o registro de acidentes atendidos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). A corporação avalia que estradas de pista simples e excesso de velocidade por parte de motoristas estão entre os principais problemas no Estado.
Doutor em Transportes, João Fortini Albano acrescenta três obstáculos. Segundo o professor da UFRGS, a condição de parte das rodovias também é prejudicada por falta de conservação, carência de agentes fiscalizadores e tráfego de caminhões com sobrepeso.
— Há necessidade de novos investimentos. Mas, em momento de escassez de recursos, é melhor concentrar esforços na conservação das atuais estradas do que na construção de novas — observa Albano.
O levantamento da CNT ainda cita os cem trechos mais perigosos das rodovias federais no país. Para apontá-los, a entidade usou como critério trechos com os maiores números de mortes no ano passado.
Entre os percursos listados, cinco estão no Rio Grande do Sul. O mais violento do Estado fica na BR-293, entre os kms 11,3 e 21,3, em Capão do Leão, na Região Sul. No local, tido como 32º mais perigoso do Brasil, ocorreram oito mortes e 23 acidentes com vítimas em 2017.
A PRF afirma que o trecho, considerado urbano, costumava registrar elevado número de atropelamentos mesmo com o uso de radar móvel. Segundo a corporação, após protestos da comunidade local, duas lombadas eletrônicas foram instaladas nas proximidades do acesso ao município no ano passado.
O espaço viário, projetado há pelo menos meio século, está depauperado.
EDUARDO BIAVATI
Sociólogo e consultor em segurança no trânsito
Depois da BR-293, aparecem no ranking dois trechos da BR-116 na Região Metropolitana. Um fica em Canoas, entre os kms 261,6 e 271,6, onde houve sete mortes e 103 acidentes com vítimas.
O outro é em São Leopoldo, entre os kms 242,9 e 252,9, e teve seis óbitos e 110 ocorrências com feridos. O resultado em ambos os pontos é atribuído por especialistas, em parte, ao tráfego intenso.
— Não falta monitoramento nos dois trechos. Há câmeras que conseguem captar o movimento na BR-116. Mas o fluxo de veículos é constante. Além disso, há comportamentos de motoristas, como excesso de velocidade, que prejudicam o trânsito — explica Biavati.
Outros dois trechos gaúchos citados entre os cem mais perigosos estão na BR-386. O primeiro fica entre os kms 145,3 e 155,3, em Almirante Tamandaré do Sul, no Norte. No local, houve seis mortes e 14 acidentes em 2017.
O segundo se estende entre os kms 11,3 e 21,3, em Montenegro, no Vale do Caí. Nesse percurso, foram registrados 11 acidentes e seis mortes.
— A BR-386 sofre com o fato de haver muitos cruzamentos de rodovias estaduais — pontua Biavati.
No país, leve redução de ocorrências
O número de mortes em acidentes em rodovias federais caiu para 6.243 em todo o país em 2017, segundo a CNT. O resultado, que representa leve recuo (-2,4%) em relação ao ano anterior, é o menor da série histórica, cuja contabilização começou em 2007.
O Estado com a maior quantidade de mortes foi Minas Gerais (869), seguido por Paraná (613) e Bahia (594).
— Houve queda, mas ainda estamos muito longe de um caminho de paz no trânsito. O espaço viário brasileiro era, e continua sendo, fator determinante de mortes — avalia o sociólogo e consultor em segurança no trânsito Eduardo Biavati.
O total de acidentes com vítimas também caiu no país no ano passado. De acordo com o levantamento da CNT, houve 58.716 ocorrências, baixa de 2,5% na comparação com 2016 e o menor número desde 2008 (55.298).
O tipo de ocorrência mais comum (34.373 ou 58,5%) no ano passado foi a colisão – quando um veículo em movimento sofre impacto contra outro, também em movimento. Além disso, o estudo informa que a maior parte dos acidentes ocorreu em rodovias federais com tráfego em pista simples: 31.159 (53%).