Passados dias da autorização que supostamente daria ao Exército o direito de assumir o poder, começa a cair a ficha dos caminhoneiros de que uma intervenção militar não vai ocorrer. "Cadê o Exército? O prazo acabou. Vai terminar tudo em pizza outra vez?", questionava um participante dos grupos de WhatsApp.
Isso não significa, entretanto, que eles desistiram da batalha. Além de iniciarem um abaixo-assinado a favor da intervenção, eles passaram a focar em esforços para o presidente da República, Michel Temer (MDB), renunciar.
Nos grupos da categoria, a estratégia agora é tentar incluir a população nos protestos, argumentando que essa não é uma luta só dos caminhoneiros, mas de todo o país.
Para isso, eles pedem que o povo não fique nas filas de postos de combustíveis nem pague valores altos.
"A população não acordou ou está com preguiça de acordar. Não percebem que os descontos que o governo deu para nós caminhoneiros serão repassados para o álcool e para a gasolina de toda sociedade", diz um deles, no grupo de WhatsApp.
Para os motoristas, a única forma de derrubar o governo é uma greve geral, uma manifestação que envolva toda a sociedade. "Nossa greve continua, mas se o povo não ajudar, não conseguiremos atingir nossos objetivos. Cadê a população nas ruas", questionava outro participante.
Eles também negavam que estavam sendo comandados por algum infiltrado. "Essa é uma luta nossa, não gostamos de políticos e nem queremos que eles estejam aqui", afirmavam.
A reportagem participa de três grupos de WhatsApp de caminhoneiros, cada um com cerca de 300 participantes. Na troca de mensagens, eles se organizam rapidamente.
As informações se alastram em minutos, como ocorreu após o pronunciamento do presidente, no domingo (27). Em áudios, líderes de cada Estado mostravam a situação do momento e as decisões de manter a paralisação. A ordem, por ora, é manter a greve.