Motoristas e proprietários de caminhões de todo o Brasil prometem paralisar os serviços a partir desta segunda-feira (21). No Rio Grande do Sul, porém, a decisão ainda não está tomada e será oficializada em reunião dos 12 sindicatos integrantes da Federação dos Caminhoneiros Autônomos (Fecam-RS), feita por videoconferência a partir das 11h. A última grande paralisação no Estado aconteceu em 2015.
Mesmo horas antes da reunião dos sindicatos, manifestantes se anteciparam à decisão unificada da categoria e bloquearam rodovias gaúchas no início da manhã. Às 9h, havia dois pontos de bloqueio total em rodovias estaduais: na RS-122, em São Sebastião do Caí, e na RS-118, em Sapucaia do Sul. Nenhum em rodovias federais.
O presidente da Fecam-RS, André Luis Costa, confirma que muita gente considera a paralisação inevitável. Pessoalmente, ele acha difícil que qualquer mobilização leve a zero a redução da carga tributária incidente sobre operações com óleo diesel, a principal reivindicação dos caminhoneiros. Ele sugere negociação, mas quem dará a palavra será a categoria, representada por sindicatos.
Costa assegura que a Fecam não apoia bloqueio de rodovias e depredações, já registrados em outras greves da categoria no passado. Uma das alternativas que será debatida na reunião é que os caminhoneiros apenas cruzem os braços, ficando em casa, sem rodar pelas estradas. Uma paralisação no transporte poderia afetar, entre outros setores, a indústria de soja, cuja colheita no Brasil terminou recentemente. Isso em um momento em que o mercado internacional conta com o produto do país, o maior exportador global.
Os caminhoneiros pedem, entre outras providências, a redução das alíquotas da contribuição para PIS/PASEP e Cofins sobre as operações com óleo diesel, principal combustível dos caminhões. Em nota, a Fecam alinhou os principais motivos para descontentamento:
- Altas sucessivas no óleo diesel, produto que representa 42% do custo do frete para o caminhoneiro.
- Falta de infra-estrutura no país, com estradas deterioradas e sem segurança ao transporte.
- Dificuldade de receber da empresa contratante o vale-pedágio destacado do valor do frete.
- Falta de financiamento possível de ser pago pelo caminhoneiro, nas atuais condições do mercado.
Enquanto a Fecam ainda discute possível paralisação, a greve já foi anunciada pela Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam). A entidade reúne cerca de 600 mil caminhoneiros autônomos, de um total de cerca de 1 milhão de motoristas no Brasil. A única incerteza é quantos desses vão aderir ao movimento.
Os caminhoneiros autônomos são os mais atingidos pelos aumentos em cascata no preço dos combustíveis. A Polícia Rodoviária Federal (PRF-RS) informa que monitora possíveis manifestações e que vai reprimir eventuais bloqueios.