Um dos textos falsos mais compartilhados sobre Marielle Franco diz respeito às declarações da magistrada Marília Castro Neves (TJ-RJ), que replicou informações falsas e acusou a vereadora de ter sido eleita pelo Comando Vermelho e "engajada com bandidos". Mas quem encarregou-se de multiplicar as informações foi a página do Ceticismo Político no Facebook. Os dados foram retirados de uma reportagem da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
O conteúdo do jornal citava as declarações da desembargadora e revelava que um grupo de advogados havia se mobilizado para que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) se pronunciasse sobre o caso. Era uma medida de repreensão. Dias após, o corregedor do CNJ, João Otávio de Noronha, determinou a abertura de expediente para apurar a conduta da magistrada.
O Ceticismo Político, entretanto, alterou o sentido do conteúdo da Folha: publicou, sem citar que se tratava de comentário originado de fake news, que a desembargadora havia quebrado a "narrativa do PSOL". Sobre os advogados que foram ao CNJ, o site disse que se tratava de iniciativa da "extrema esquerda".
Instantes depois de entrar no ar, a postagem do Ceticismo Político foi replicada pelo Movimento Brasil Livre (MBL) no Facebook. Após a repercussão do caso, o Facebook excluiu a página Ceticismo Político e outros perfis relacionados.
Como está a investigação
Mais de um mês depois do crime, ninguém foi preso. Na última terça-feira (17), o chefe da Polícia Civil do Rio, o delegado Rivaldo Barbosa, disse que o prazo de investigação sobre o assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes pode demandar tempo, mas que a corporação "está usando todos os recursos possíveis não só para prender, mas para levar os culpados à condenação".
O ministro extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou que Polícia Civil vê a atuação de milicianos como a principal hipótese para o assassinato.