Um agricultor de Arroio do Meio, no Vale do Taquari, foi levado para depor, pela Polícia Federal, por engano durante cumprimento de mandado de condução coercitiva da Operação Trapaça, desdobramento da Carne Fraca, ocorrida nesta segunda-feira (5). Ele foi confundido com um médico-veterinário da BRF de mesmo nome, que é alvo da investigação. Reportagem de GaúchaZH conversou com o agricultor. Ele disse que ficou surpreso quando viu uma viatura em frente à sua casa, que fica na área rural da cidade, no início da manhã.
- Acordei cedo e olhei nos vidros da janela e vi aquela luzinha vermelha de sirene. Quando vi, era uma caminhonete da Polícia Federal com três agentes e um delegado. Um deles me disse: bom dia. O senhor é o Everaldo Frohlich? Eu disse: sim, sou eu mesmo. Aí eles disseram que tinham um mandado de busca e apreensão e que tinham que entrar na minha casa. Eu deixei, porque não devo nada pra ninguém. Chamaram dois vizinhos para servir de testemunha. Me perguntaram se eu era médico-veterinário. Eu disse que não. Eu sou agricultor. Nunca estudei isso. Tenho aqui minhas vaquinhas, só - conta o agricultor.
O homem, de 49 anos, disse que os policiais perceberam que não era quem estavam procurando, mas que mesmo assim disseram que ele precisaria ir até a Delegacia da Polícia Federal de Santa Cruz do Sul para depor.
- Quando chegamos lá, eles descobriram que tinham um Everaldo Frohlich, com o mesmo nome, veterinário, mas que morava no Paraná. Eu não tenho queixa nenhuma da Polícia Federal. Eles me trataram super bem - relata.
GaúchaZH aguarda posição da Polícia Federal.
No despacho do juiz André Wasilewski Duszczak, da 1ª Vara Federal de Ponta Grossa, no Paraná, onde tramita o inquérito policial, o investigado é identificado como "médico-veterinário da BRF S/A que liberou o abate de aves contaminadas por Salmonella pullorum".
A Operação Trapaça investiga fraudes envolvendo laboratórios que prestam serviços para a BRF, gigante do setor de carnes e processados. O ex-presidente da empresa Pedro de Andrade Faria (que estava no cargo de 2015 a 31 de dezembro de 2017) e o ex-diretor-vice-presidente Hélio Rubens Mendes dos Santos Júnior foram presos. Mandados de prisão, condução coercitiva e busca e apreensão foram cumpridos no Paraná, em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul, em Goiás e em São Paulo.
Conforme a investigação, cinco laboratórios credenciados junto ao Ministério da Agricultura e setores de análises da BRF fraudavam resultados de exames em amostras de processo industrial, informando ao Serviço de Inspeção Federal dados fictícios em laudos e planilhas técnicos. O objetivo era não permitir que a pasta fiscalizasse com eficácia a qualidade do processo industrial da empresa.