O desaparecimento de uma inglesa mobiliza e intriga uma comunidade no interior de Alpestre, no norte do Estado. Os moradores da Vila Dom José procuram por Katherine Sarah Brewster, 27 anos. Buscas estão sendo feitas em matagais. Ela teria saído da residência de um casal, onde estava hospedada desde 20 de fevereiro, na manhã de domingo (25), e depois não foi mais encontrada.
Entenda o que se sabe até agora sobre o desaparecimento:
Quem notou o sumiço
A polícia ouviu o casal que hospedou a turista por pouco mais de um mês. Eles relataram que Katherine pagava uma diária, em troca da hospedagem e das refeições. Durante este período em que esteve no local ela costumava permanecer horas meditando junto às árvores. Na noite anterior ao desaparecimento, segundo o casal, eles jantaram normalmente e não perceberam nenhum comportamento estranho em Katherine.
Na manhã seguinte, quando acordaram por volta das 8h, não localizaram mais a jovem. As roupas dela não foram levadas. Como Katherine não retornou, eles se preocuparam e passaram a fazer buscas. Para chegar até a cidade, a jovem teria que caminhar cerca de 15 quilômetros ou pedir carona. Não há linha de ônibus no local. Para se deslocar até Chapecó, em Santa Catarina, poderia atravessar o Rio Uruguai.
Segundo o comissário Lourenço Guerra, não há registro de outro desaparecimento nos últimos anos no município.
Somente o passaporte e um cartão de crédito da turista desapareceram. A Polícia Civil, que investiga o sumiço da britânica, informou a Polícia Federal sobre o caso e monitora a possível passagem dela por algum aeroporto.
As buscas
A casa onde Katherine se hospedou fica na mesma localidade onde está situada a Ecovila Dom José, um assentamento sustentável. Mantido pela Unipermacultura, o espaço é dedicado ao estudo da permacultura, um sistema de planejamento para a criação de ambientes sustentáveis e produtivos. O local costuma receber estudantes de outros países, no entanto, não era o caso de Katherine. Apesar de estar hospedada em uma casa próxima, ela não chegou a participar de nenhuma atividade no local.
— A comunidade nesses três anos se acostumou a receber gente do mundo inteiro, por isso logo imaginaram que ela poderia estar hospedada aqui na ecovila, mas não estava. Nesse período em que estamos aqui nunca aconteceu isso, de alguém desaparecer. A comunidade ficou assustada e estranhou isso — afirma Clairton Silva, um dos coordenadores da Unipermacultura.
Na quarta-feira (28), um grupo percorreu às áreas de mato na quarta-feira (28). Silva participou das buscas. No entanto, nenhuma pista foi encontrada.
— A gente fez esse trajeto até onde ela ia. Descemos varrendo pela mata até o rio. Mas a mata é muito fechada, o que dificulta bastante a procura.
Ainda não há previsão de buscas por parte dos bombeiros de Nonoai, responsáveis pelo atendimento em Alpestre.
Como a polícia está investigando
Segundo o delegado Ercílio Carletti, a polícia trabalha com diferentes hipóteses para o desaparecimento. Uma delas é de que Katherine tenha se embrenhado nos matagais para meditar e possa ter se perdido, já que é uma área de mata fechada. Outra possibilidade é que a inglesa tenha decidido deixar o local por conta. Até o momento, não há indicativo de que ela tenha sido vítima de algum crime.
— Como ela tinha esse costume de ficar na natureza entrando em mata. Uma das hipóteses é que ela tenha entrado para meditar, fazer alguma coisa nesse sentido. Mas ela levou o passaporte, o que torna a situação mais estranha. Ela pode ter decidido ir embora e como é muito desapegada a bens materiais levou somente o documento e o cartão. Nesse momento não podemos descartar nada — afirma o delegado.
A localidade onde ela estava fica próxima da divisa com Santa Catarina, o que leva a polícia a cogitar que a turista possa ter regressado para o Estado vizinho. Antes de chegar ao Rio Grande do Sul, ela esteve hospedada em Florianópolis. Conforme o policial, a inglesa não utilizava celular, o que dificulta a tentativa de rastrear os locais por onde ela possa ter passado. A polícia tenta conseguir a quebra do sigilo bancário de Katherine. O Consulado do Reino Unido no Brasil também foi alertado sobre o caso.
— Vamos continuar as diligências no local, em busca de alguém que possa ter visto algo. Repassei a informação para a Polícia Federal, no caso dela acessar algum aeroporto. Também estão verificando a compra de passagens (por meio da Delegacia de Polícia do Turista). Todas as medidas possíveis para o momento foram tomadas — disse Carletti.
Família
Em contato com a mãe da turista, que reside em Londres, o delegado soube que Katherine costuma viajar por diversos países. Ela chegou ao Brasil há, pelo menos, um ano. Em Alpestre, por recomendação de amigos, procurou se hospedar na Vila Dom José, localidade que costuma ser frequentada por pessoas em busca de maior contato com a natureza. No dia 20 de fevereiro a britânica chegou à cidade de 8 mil habitantes, onde se hospedou na residência de um casal.