A ocorrência registrada na Delegacia de Polícia de Santa Vitória do Palmar traz indícios que ajudam a explicar as causas do acidente que vitimou fatalmente sete pessoas no dia 1º de janeiro de 2018.
Neste dia, os cubanos Armando Sosa Gonzalez, 24 anos, Osmani Hidalgo Leyva, 21 anos, Reynaldo Delgado Díaz, 45 anos e Niurka García Roque, 46 anos, desembarcaram no Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, e tomaram um táxi rumo ao Chuy, no Uruguai. No quilômetro 636 da BR-471, o veículo colidiu contra um Fiesta Titanium 1.6. No Cobalt que conduzia os cubanos, o único sobrevivente foi Armando. Morreram, além do taxista brasileiro, os outros três caribenhos. No Fiesta, um homem saiu com vida e quatro brasileiros não resistiram, somando sete vítimas fatais.
"Pelas marcas deixadas na pista, acredita-se que o veículo Ford Fiesta tenha invadido a pista contrária, causando o acidente, pois o ponto de colisão foi na pista onde trafegava o veículo Cobalt", registra a ocorrência. A perícia foi chamada, mas acabou não realizando o trabalho. Como era dia de regime de plantão e a equipe se deslocaria de Pelotas, somente poderia chegar ao local do incidente em torno das 22h, enquanto o choque entre os dois carros havia ocorrido por volta das 15h. Por isso, foi feita a opção por liberar as pistas da BR-471.
O delegado Adam Lauxen, de Santa Vitória do Palmar, responsável pelo inquérito do caso, pretende solicitar perícia mecânica nos destroços para checar se houve alguma falha que tenha contribuído para o desfecho. A estrada, na hora do choque, não estaria molhada.
Taxista diz ter visto batida, testemunhas contestam
Na semana do acidente, surgiram novos detalhes. Pessoas que avistaram a colisão e prestaram os primeiros socorros contestaram a versão do taxista Anuar Zambiazi, que levava outro grupo de cubanos. Ao embarcar no Salgado Filho, os caribenhos se dividiram em dois carros, o Cobalt acidentado e a Spin de Zambiazi. Quase chegando ao Chuy, o condutor da Spin, que ia à frente, precisou parar o veículo porque um bebê que era levado pela mãe cubana começou a vomitar. Nesse instante, o Cobalt dirigido por Maurício Popow passou e seguiu viagem.
Zambiazi declarou que, depois de 10 minutos parado, arrancou o veículo e logo avistou o Cobalt de Maurício, a uma distância entre 600m e 1 km (difícil de precisar naquele momento), em uma reta. Ele afirmou também que viu o Fiesta preto vindo na direção contrária e que, quando esticou o dedo indicador em direção ao carro do colega, para mostrar aos passageiros onde eles estavam, deu-se a batida. Testemunhas que compareceram à DP apresentaram relatos divergentes. "O taxista (da Spin) afirmou que havia visto o acidente, sendo que chegou 20 minutos ou mais após", disse uma das depoentes.
Uma familiar dos brasileiros vitimados no Fiesta fez descrição semelhante: "Relata que não sabe precisar o tempo que o taxista chegou após o acidente, mas afirma sem sombra de dúvida que o taxista (da Spin) não viu o acidente. A própria depoente, que chegou bem antes ao local, não viu o acidente", diz a ocorrência.
Ouvido nesta segunda-feira por GaúchaZH, Zambiazi manteve a versão de que presenciou o acidente, acrescentando que a visibilidade foi facilitada pelo fato de a colisão ter acontecido durante o dia. O taxista disse ainda que foi o segundo carro a chegar no local da batida e que o primeiro teria sido o veículo de um casal, que vinha no sentido contrário da pista (atrás do Fiesta).
A Spin chegou ao destino final, deixando cubanos no Chuy, no Uruguai. Os destroços do Fiesta e do Cobalt foram recolhidos pela polícia e a análise das carcaças também deve indicar como ocorreu o choque inicial entre os dois carros.