Três brasileiros e um francês estão detidos desde o final de agosto no conjunto de ilhas de Cabo Verde, distante 455 km da costa africana, sob suspeita de tráfico internacional de drogas. Em entrevista do Fantástico, o pai do gaúcho Daniel Guerra — um dos encarcerados — afirmou que a situação se tornou um tormento:
— Você ver que o sonho do teu filho está se tornando um pesadelo para ele, para os pais, para as pessoas à volta, é muito triste — afirma Télio Carlos Guerra.
O barco ficou 23 dias em Natal e passou por uma inspeção da Polícia Federal, que não encontrou qualquer ilegalidade. Mas, em Cabo Verde, em uma parada forçada por severos problemas mecânicos, a polícia local encontrou mais de uma tonelada de cocaína escondida no fundo do casco. Em depoimento ao Fantástico, Rubens Alexandre de França, delegado da Polícia Federal no Rio Grande do Norte, reconheceu que as autoridades brasileiras falharam:
— Pode ser que eles (polícia de Cabo Verde) tivessem um pouco mais de informação do que a gente. Ou eles foram melhores do que a gente na busca.
Antes da ida à ilha africana, o barco passou um ano sendo reformado em Salvador. Hoje, a suspeita da polícia é de que o reparo era parte do esquema. O veleiro fez duas viagens em seguida: uma ao Rio de Janeiro, quando quebrou no caminho e teve de voltar ao estaleiro; e outra para o Espírito Santo. Suspeita-se de que a segunda rota tenha sido feita para carregar o barco com cocaína. Os brasileiros não estavam nessas viagens.
Os três presos haviam realizado um curso de navegação em Ilhabela, São Paulo. Segundo familiares, eles tinham o sonho de atravessar o Oceano Atlântico e queriam ganhar experiência em milhas náuticas. O contratante do serviço, o inglês conhecido como George "Fox" Saul, não está mais no Brasil.