Fechado desde o início de agosto, o hemocentro de Palmeira das Missões ainda não tem data para reabrir. Este é o prognóstico da prefeitura do município do noroeste do Estado. O centro que atende aproximadamente 400 mil pessoas, em 54 municípios da região, teve as atividades suspensas pelo governo do Estado por causa da baixa produtividade e de problemas de custeio.
A crise financeira que atinge os cofres de prefeituras e do Piratini está entre os motivos do impasse para a reabertura do centro. Conforme informações da Secretaria de Saúde de Palmeira das Missões, desde 2014, o Estado estava responsável por repassar parte das verbas para custeio do hemocentro. Dos R$ 110 mil necessários para manutenção do local, cerca de R$ 50 mil eram custeados pelo governo para quitar a folha de pagamento dos servidores. Com o fechamento do local, os municípios teriam de arcar com os gastos para reabrir o local, algo que as prefeituras não estão dispostas a fazer devido à crise nas finanças.
- Os municípios não têm condições de bancar a estrutura. A responsabilidade do município é a atenção básica - declarou o secretário municipal de Palmeira das Missões, Paulo Roberto Oliveira Fernandes, em entrevista à rádio CBN.
Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) informa que o hemocentro Regional de Palmeira das Missões atendia uma pequena área de abrangência e possui a necessidade de investimento para cumprir requisitos de legislação sanitária. A prefeitura reconhece que a coleta estava abaixo do ideal para as atividades de um hemocentro do mesmo porte. De acordo com Fernandes, eram coletadas entre 120 e 200 bolsas de sangue por mês, quando seriam necessárias entre 400 e 500 bolsas. Apesar de atender 54 municípios, o secretário garante que a demanda dos 10 hospitais da região não exigia mais do que era coletado no hemocentro.
A opção para os moradores da região é se deslocar cerca de 130 quilômetros para doar sangue no hemocentro Regional de Passo Fundo. O local passou a receber os usuários após a suspensão das atividades do centro de Palmeira das Missões. Nesta terça-feira (28), a administração do hemocentro informou que 80 % do estoque de sangue foi utilizado nas últimas duas semanas. O local precisa, especialmente, de sangue do tipo O +.
Confira a integra da nota da SES
A Secretaria Estadual da Saúde (SES) informa que, após avaliação técnica, o Hemocentro Regional de Palmeira das Missões teve suas atividades suspensas em agosto do corrente ano em virtude de sua baixa produtividade, pequena área de abrangência e a necessidade de incremento no custeio para cumprir os requisitos estabelecidos na legislação sanitária vigente.
Para a avaliação técnica foram realizadas:
- Visitas técnicas realizada com equipe formada por profissionais da direção da Rede de Hemocentros Públicos do RS (HEMORREDE), Hemocentro do RS e Hemocentro Regional de Passo Fundo, em 01 e 02 de agosto de 2017.
- Inspeção da Vigilância Sanitária Estadual, realizada de 11 - 14 de setembro de 2017.
- Os estabelecimentos de saúde de sua abrangência estão sendo atendidos pelo Hemocentro Regional de Passo Fundo, que possui capacidade operacional para atender as necessidades de hemocomponentes da região.
Um hemocentro para funcionar necessita cumprir os requisitos previstos na legislação, além de ter uma necessidade de produção hemoterápica que justifique os recursos de investimento e custeio que são mobilizados para seu funcionamento. O Hemocentro Regional de Palmeira das Missões fornecia hemocomponentes para sete estabelecimentos hospitalares, com uma necessidade média de 150 bolsas por mês. Para este quantitativos eram realizadas 8 coletas de sangue por dia, sendo que apenas duas realizadas em Palmeira da Missões, com as outras realizadas nos municípios da região. Segundo parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde, a coleta mínima para um serviço são 20 bolsas por dia.