A Polícia Civil indiciou 32 pessoas suspeitas de envolvimento em um esquema de fraude que desviou R$ 7,5 milhões da Cerealista Agrodeltha, de Júlio de Castilhos, na Região Central. O homem apontado como responsável pelos desvios – que era funcionário da empresa – teve movimentação financeira de R$ 5,5 milhões em menos de cinco anos.
A investigação, que durou três anos, analisou documentos entre 2009 e 2014. Por isso, a polícia acredita que o rombo na Agrodeltha possa ser ainda maior, se forem investigados os anos anteriores.
Conforme o inquérito, o homem tinha rendimento bruto de R$ 1,7 mil mensais, e a esposa dele era dona de casa, não tendo rendimentos. Porém, os registros indicam que, por exemplo, nos primeiros nove meses do ano de 2014, o casal gastou mais de R$ 50 mil em roupas e calçados.
Como ele não usou o dinheiro em propriedades, não há bens a serem sequestrados.
No começo da investigação, em setembro de 2014, o casal teve a prisão preventiva decretada pela Justiça, pois havia informações de que eles estariam tentando fugir. Porém, como era período pré-eleitoral, eles não foram presos. Posteriormente, a Justiça revogou as prisões preventivas e, por isso, os dois seguem em liberdade.
O ex-funcionário foi indiciado por furto qualificado – com abuso de confiança e concurso de agentes –, falsidade ideológica, associação criminosa e crimes contra a ordem tributária. Foram 89 indiciamentos. Os outros 31 envolvidos também responderão a estes crimes, além de crimes contra o sistema financeiro nacional.
O esquema
De acordo com a investigação, os produtores eram procurados pelo homem, que dizia estar representando a empresa para fazer contratos de “Soja Verde”. Os produtores depositavam um valor na conta do funcionário, que lançava as notas da compra da soja em nome da empresa e, depois, fazia a venda do produto, retirando valores da Agrodeltha.
Como em nenhuma das negociações há o ticket de balança – que comprova a entrada efetiva da soja na empresa – não existe evidências de que esses grãos existiam.
Os produtores alegam que o funcionário era de confiança e, por isso, aceitavam fazer negociações com ele. Além disso, o homem usou de laranjas para realizar os desvios. A maioria dos indiciados não é produtor rural.
Os sócios da empresa, que denunciaram o esquema após perceberem irregularidades em uma auditoria interna, também foram investigados. O inquérito apontou que eles não estavam envolvidos na fraude.