O veranico durante o inverno no Estado já não é mais novidade para os gaúchos. De alguns anos para cá, o calor vem aparecendo mesmo nos meses em que o frio era a atração tradicional. Nesse ritmo, o aumento na temperatura de julho de 2017 superou os números vistos nos últimos 10 anos. Na média das máximas deste mês, 2017 registrou 23,8°C, enquanto vimos 20,1°C em 2016, um aumento de quase 4°C segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Pode parecer pouco, mas a professora Nathalie Tissot Boiaski, coordenadora do curso de Meteorologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) explica que a mudança é significativa.
– Se nós estivéssemos falando de décimos, não faria muita diferença. Mas esse aumento de quase 4°C é muito significativo, sendo de um ano para outro. Nós ainda estamos analisando e tentando entender os motivos desses eventos extremos, com invernos mais quentes, que vem ocorrendo desde 2014 – afirma ela.
Conforme o professor do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Gilberto Diniz, essa anormalidade já era prevista para a estação.
– Nós analisamos as anormalidades que estão previstas. Com base nos últimos cem anos, a temperatura entendida como normal em Porto Alegre, para julho, fica entre 19,1°C e 20°C. De 20°C a 20,8°C é considerada acima da normal. E 20,8°C a 24,2°C é entendida como bem acima do normal.
Os especialistas indicam que o fenômeno requer mais análises para ser entendido. De acordo com Nathalie, um dos fatores que podem ter influenciado as altas temperaturas no inverno de 2017 é a Oscilação Antártica, que apresenta duas fases. A positiva, que proporciona mais eventos de bloqueio da frente fria, resultando em menos chuva e clima mais seco, e a negativa, com maior ocorrência de frentes frias. Segundo a professora, desde junho a Oscilação Antártica esteve, em média, na fase positiva.
A temperatura mais alta registrada em julho foi 30,9°C e ocorreu no dia 24.