O Tribunal do Júri condenou a 18 anos de prisão o morador de rua Felipe dos Santos Diogo, acusado de matar a pedradas o ex-comissário de voo Alexandre João Batista Santiago, 32 anos, na madrugada de 5 de março, nas proximidades do clube náutico Riachuelo, no Centro de Florianópolis. O julgamento ocorreu nesta quinta-feira, no Fórum da Capital.
Após quase sete horas de depoimentos e explanações de acusação e defesa, os sete jurados decidiram manter a denúncia do Ministério Público (MP/SC) de homicídio qualificado, com as qualificadoras de meio cruel e impossibilidade de defesa por parte da vítima. O júri excluiu, porém, a qualificadora de motivo fútil. Pelo homicídio, Felipe, preso desde março do ano passado, pegou 16 anos. As duas qualificadoras somaram mais dois anos à pena, que terá de ser cumprida inicialmente em regime fechado.
Juliano Keller do Valle, advogado de defesa de Felipe, avisou que vai recorrer da sentença. Seu cliente foi acusado juntamente com Elisangela Campos da Silva, 36 anos, pelo crime. A mulher, porém, foi julgada em 16 de maio e condenada a 6 anos e oito meses de reclusão, inicialmente em regime semiaberto. O advogado Valle entende que Felipe, 25 anos, deve responder pelo crime de lesão corporal seguida de morte, assim como Elisangela.
– A minha expectativa é de que ele recebesse a mesma pena da Elisangela. No recurso, vamos buscar a mesma pena. Ou seja, lesão corporal seguida de morte, que é o que as provas apresentam – diz Valle.
O promotor Luiz Fernando Fernandes Pacheco, da acusação, considerou a pena de Felipe justa, ao contrário do julgamento de Elisangela, o qual ele já recorreu. Afirmou que as provas dos autos não deixam dúvida da autoria e das qualificadoras apresentadas na denúncia.
– Foi um crime bárbaro, cruel e covarde, em que a vítima não teve chance a mínima possibilidade de se defender – aponta.
Visivelmente emocionada, Sílvia Regina Pedroso, 54 anos, mãe de Alexandre, comemorou o resultado do julgamento. Disse ter sido o que ela esperava e falou desejar que o condenado durante o tempo da pena "pense muito no que fez aquela noite".
O crime
Em 5 de março de 2016, por volta de 2h22min, na Avenida Beira-Mar Norte, na proximidades do clube náutico Riachuelo, na Capital, Alexandre João Batista Santiago foi morto por Felipe dos Santos Diogo e Elisangela Campos da Silva, segundo o Ministério Público (MP). Pela denúncia, os três teriam ido juntos até o local para consumir cocaína. Insatisfeitos com o fato de que o entorpecente havia acabado, Felipe teria usado uma capacete para atingir a vítima. Quando Alexandre estava caído, o casal começou a atingi-lo com uma pedra por 12 minutos, segundo o MP. Depois, o casal despiu a vítima e amarrou as pernas de Alexandre com o cadarço de seu próprio tênis.