O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, voltou a ter seu nome envolvido em caso de corrupção. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu abertura de inquérito para investigar Blairo com base na delação premiada do ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa (PMDB). Na ação, Janot afirma que o ministro seria a liderança mais proeminente em uma organização criminosa que agia no Mato Grosso. O pedido de Janot foi acolhido pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF). Essa não é a primeira investigação contra Blairo, que é apontado por delatores por ter recebido R$ 12 milhões da Odebrecht em vantagem indevida.
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Blairo faz parte de um grupo de ministros e ex-assessores de Temer envolvidos em escândalos de corrupção. A maioria dos casos faz parte das investigações no âmbito da Lava-Jato ou de desdobramentos da operação. Confira os principais aliados do presidente que estão na mira da Justiça:
OS MINISTROS
Eliseu Padilha (PMDB-RS) e Moreira Franco (PMDB-RJ)
O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o ministro da Secretaria de Governo, Moreira Franco, serão investigados em um mesmo inquérito, no qual o Ministério Público Federal apontou indícios de que ambos pediram recursos ilegais para campanhas eleitorais do PMDB. Eles foram citados nos depoimentos de seis delatores da Odebrecht, incluindo o do ex-presidente-executivo do grupo, Marcelo Odebrecht. Moreira Franco teria pedido R$ 4 milhões para a campanha de 2014, garantindo em troca a inclusão de cláusulas favoráveis à empresa nos editais de concessão de aeroportos. O dinheiro teria sido entregue a uma pessoa com o codinome "Primo", em endereços que correspondem ao escritório pessoal de Eliseu Padilha. Padilha também será investigado em um segundo inquérito, ligado a irregularidades em obras do Trensurb, em Porto Alegre. Segundo as delações, ele solicitou o pagamento de 1% do valor do contrato, em decorrência de sua possível interferência no processo licitatório, o que corresponde a R$ 3,2 milhões.
Gilberto Kassab (PSD-SP)
O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, foi apontado por quatro delatores por ter recebido cerca de R$ 20 milhões em vantagens indevidas entre 2008 e 2014, enquanto foi prefeito de São Paulo e, depois, quando ocupou os cargos de ministro das Cidades e da Ciência e Tecnologia do governo Dilma Rousseff. Kassab é investigado por corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
Blairo Maggi (PP-MT)
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, é apontado pelos delatores da Odebrecht por ter recebido R$ 12 milhões da Odebrecht quando ele ainda era governador de Mato Grosso. O valor seria para a campanha de reeleição do político em 2006.Fora da Lava-Jato, o ministro é apontado por Janot como a liderança mais proeminente em uma organização criminosa que agia no Mato Grosso. O chefe da PGR pediu autorização para investigar Blairo com base em delação premiada do ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa (PMDB). O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), abriu inquérito para investigar Blairo. Segundo Janot, o ministro teria agido para interferir na Operação Ararath, deflagrada em 2014, que investiga desvio de recursos públicos no Governo de MT.
Marcos Pereira (PRB-ES)
O ministro da Indústria e Comércio Exterior, Marcos Pereira, é acusado pelos delatores da Odebrecht de ter recebido R$ 7 milhões. O dinheiro seria para manter o apoio do partido do ministro, o PRB, à coligação que elegeu Dilma Rousseff e Michel Temer em 2014.
Helder Barbalho (PMDB-PA)
Os delatores da Odebrecht também acusam Helder Barbalho, ministro da Integração Nacional, de receber R$ 1,5 milhão em vantagens indevidas não contabilizadas para sua campanha ao governo do Pará, em 2014.
Bruno Araújo (PSDB-PE)
Ex-executivos da Odebrecht dizem que pagaram R$ 600 mil para o ministro das Cidades, Bruno Araújo, a pretexto das campanhas eleitorais em 2010 e 2012. O dinheiro não teria sido contabilizado pela Justiça, o que configuraria caixa 2. O ministro das Cidades é investigado por corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro.
Aloysio Nunes (PSDB-SP)
O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, é acusado de receber R$ 500 mil para campanha ao Senado de 2010. Os delatores da Odebrecht afirmam que o pedido foi feito enquanto Nunes era secretário da Casa Civil do governo de José Serra, em São Paulo. Em troca, o atual ministro teria se comprometido a ajudar a empresa na negociação de contratos de obras de infraestrutura no estado. Aloysio Nunes está sendo investigado por corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro, crime contra ordem tributária e fraude em licitação.
Leonardo Picciani (PMDB-RJ)
A empresa Agrobilara, de propriedade do presidente licenciado da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado Jorge Picciani (PMDB), e de seu filho, o atual ministro do Esporte, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), foi citada nas investigações da Lava-Jato no Rio. Segundo delação premiada do ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado do Rio Jonas Lopes, a empresa lavou dinheiro de corrupção. Ano passado, uma ex-funcionária da Carioca Engenharia afirmou, em acordo de leniência com a Lava Jato, que comprou vacas superfaturadas da Agrobilara, com o objetivo de "gerar dinheiro em espécie" para a empreiteira. Os valores seriam usados no caixa dois da Carioca.
EX-ASSESSORES
Rocha Loures (PMDB-PR)
O ex-deputado Rocha Loures (PMDB-PR) foi um dos pilares das investigações que quase derrubaram Michel Temer do poder. Indicado pelo presidente para atender interesses do grupo JBS no governo, Loures foi filmado recebendo R$ 500 mil em propina. Ele devolveu a mala com o dinheiro à PF. O ex-assessor trabalhou com Temer de 2011 a 2017. Ganhou a confiança do presidente ao atuar recebendo políticos e empresários, anotando pedidos e encaminhando pendências. Em 2014, recebeu do chefe, então vice-presidente, doação oficial de R$ 200 mil a sua campanha a deputado. Após perder cadeira na Câmara, com a volta do ex-ministro da Justiça Osmar Serraglio à Casa, Loures foi preso, mas conseguiu o direito à prisão domiciliar.
Tadeu Filippelli (PMDB-DF)
Presidente do PMDB-DF e articulador político, Filippelli era um dos escudeiros de Temer na interlocução com parlamentares e empresários. Reforçou a relação com o presidente em 2015, em momento de fragilidade do governo Dilma Rousseff, quando Temer assumiu a articulação política do Planalto. Sem mandato em função da derrota na eleição de 2014, quando fracassou a tentativa de se reeleger vice-governador do Distrito Federal na chapa do petista Agnelo Queiroz, Filippelli ganhou um cargo no palácio. Após o impeachment, Filippelli tornou-se assessor especial do presidente, cargo do qual foi exonerado depois de ser preso. Ele é um dos alvos da Operação Panatenaico, que apura fraude e desvio de dinheiro na reforma do estádio Mané Garrincha, com base na delação da Andrade Gutierrez. Suspeito de corrupção e lavagem de dinheiro, teria pedido e recebido propina do consórcio responsável pela obra.
José Yunes
Amigo pessoal e confidente de Michel Temer há mais de 50 anos, José Yunes chegou a ser cotado para ocupar um ministério com gabinete no Palácio do Planalto. Ao fim da montagem do governo, foi nomeado assessor especial da Presidência. Ficou apenas três meses no cargo. Pediu demissão em dezembro de 2016 após o ex-diretor da Odebrecht Cláudio Mello Filho afirmar ter usado o escritório do advogado para entregar R$ 1 milhão ao grupo de Temer no PMDB. Em fevereiro, o próprio Yunes admitiria à PF ter recebido o dinheiro, segundo ele, a pedido do ministro Eliseu Padilha e destinado às campanhas do partido. Yunes e Temer se conheceram nos anos 1960, colegas na faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo. O advogado foi deputado junto com Temer, em 1988, e pouco antes de ganhar assento no Planalto presidia o diretório paulistano do PMDB. Embora tenha se afastado do cotidiano da política, manteve o hábito de dar conselhos e ajudar na concepção de estratégias políticas a Temer, com quem costumava jantar toda semana em restaurantes sofisticados de São Paulo.
Sandro Mabel (PMDB-GO)
Mais um assessor a ocupar sala no terceiro andar do Planalto, Sandro Mabel fazia parte, junto com Rocha Loures e Tadeu Filippelli, do grupo que ajudava nas negociações do governo com o Congresso. Jamais, contudo, foi nomeado oficialmente para o cargo. Nos bastidores, era chamado de "antena" do presidente na Câmara, onde exerceu quatro mandatos. Deixou o cargo de assessor especial da Presidência em março, após surgirem rumores de que seria citado nas delações da Odebrecht. Em abril, a Procuradoria-Geral da República remeteu petição para que ele fosse investigado na Justiça Federal de Goiás. Segundo delatores da empreiteira, ele teria recebido R$ 10 milhões para ajudar a Odebrecht e a Andrade Gutierrez a vencer a licitação da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia. Também próximo ao ex-deputado Eduardo Cunha, Mabel já havia sido citado no escândalo do mensalão, mas teve o processo de cassação derrubado em plenário. Á época, ele era acusado de oferecer R$ 30 mil por mês e R$ 1 milhão no fim do ano para que a então deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO) mudasse de partido.
EX-MINISTROS
Romero Jucá (PMDB-RR)
Atual líder do governo no Senado, durou apenas 11 dias à frente do Ministério do Planejamento. Foi demitido depois de ser gravado pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Na conversa, realizada antes da votação do impeachment na Câmara, Jucá afirmou que era preciso "estancar a sangria" da Lava-Jato e defendeu um acordo para tirar Dilma Rousseff da Presidência, garantindo a sobrevivência política dos demais investigados. Como tem mandato de senador, continua como um dos principais conselheiros de Temer. Nesta sexta-feira (25), a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Jucá pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O senador teria recebido vantagem indevida em escândalo de corrupção envolvendo a Transpetro.
Geddel Vieira Lima (PMDB-BA)
Amigo de Temer e ex-colega de Câmara, era ministro da Secretaria de Governo, responsável pela articulação com o Congresso. Perdeu o cargo em novembro, depois de ter pressionado o então ministro da Cultura, Marcelo Calero, para que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) liberasse a construção de um edifício em Salvador. Em julho deste ano, Geddel foi preso preventivamente suspeito de tentar obstruir investigação que apura irregularidades na liberação de recursos da Caixa Econômica Federal. O ex-ministro ganhou o direito de prisão domiciliar após 10 dias preso na Papuda, em Brasília.
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN)
Aliado de longa data de Temer, com quem foi deputado federal, o ex-presidente da Câmara tornou-se ministro do Turismo no governo Dilma Rousseff por indicação do então vice-presidente. Entregou o cargo antes do impeachment e reassumiu a função após a queda da petista. Pediu demissão em junho do ano passado, ao ser citado na delação de Sérgio Machado, que afirmou ter pago R$ 1,55 milhão em propina ao peemedebista. Alvo de investigações na Lava-Jato, o peemedebista afastou-se de Brasília. O ex-ministro foi preso preventivamente em 6 de junho no âmbito da Operação Sépsis, acusado de pegar propinas de empresas que receberam aportes milionários do FI-FGTS.
José Serra (PSDB-SP)
O ex-ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB), pediu demissão em fevereiro deste ano, alegando razões médicas. O tucano informou estar passando por tratamentos médicos que o impedem de fazer as viagens internacionais necessárias para o cargo. Em acordo de delação, a Odebrecht apontou à Lava-Jato que R$ 23 milhões foram repassados pela empreiteira via caixa dois para a campanha presidencial de Serra na eleição de 2010. A empresa afirmou que o dinheiro foi transferido para uma conta na Suíça. Os executivos afirmaram que parte do dinheiro foi paga no Brasil e parte foi entregue por meio de depósitos em contas no Exterior.