Quase quatro anos depois da então presidente Dilma Rousseff prometer uma ponte entre São José do Norte e Rio Grande, o projeto segue em compasso de espera. A obra é sonhada há 45 anos pelos moradores destas duas cidades da zona sul do Estado e que são separadas pela Lagoa dos Patos.
Em outubro de 2013, o anúncio foi feito por Dilma. Dias depois, em visita aos municípios da zona sul, a presidente confirmou:
– É uma obra fundamental. Esse estudo vai, primeiro, te dar um valor aproximado do que fica. Te dar também uma avaliação genérica, mas já dirigindo para ponte ou túnel. Eu, pessoalmente, acredito – vou fazer um chute – acredito que está mais para ponte do que para túnel, mas nunca se sabe. Agora, uma coisa eu te afirmo: ela sai. Qualquer gestor responsável no Brasil será obrigado a encarar essa como uma das obras importantes, como encaramos a ponte de Porto Alegre – disse Dilma em entrevista realizada em novembro de 2013 no município de Pelotas.
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Hoje, para ir de uma cidade a outra é preciso usar o serviço de balsas. A travessia leva pouco mais de 35 minutos para cruzar os cerca de 4 km.
A ponte é importante para Rio Grande, mas mais ainda para São José do Norte, que tem hoje pouco mais de 27 mil habitantes. A cidade chegou a viver a expectativa dos investimentos da indústria naval e o desenvolvimento do Porto de Rio Grande. A construção de uma ponte na região diminuiria em 110 quilômetros a distância entre Rio Grande e Santa Catarina.
Em outubro de 2014, a licitação foi lançada. Em maio de 2015, a empresa Ecoplan foi anunciada a vencedora – ficando responsável por realizar estudos de viabilidade técnica-econômica e ambiental em um ano, ao custo de R$ 1,98 milhão.
Os trabalhos chegaram a começar cinco meses depois. Apenas as análises iniciais foram realizadas. Porém, há mais de um ano nada é feito.
A continuidade do estudo depende de autorização do governo federal. A assessoria do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou nesta semana que a Diretoria de Planejamento e Pesquisa da autarquia, em Brasília, ainda não reavaliou a retomada do estudo.
Apesar das indefinições, o vereador Jair Rizzo, de Rio Grande, fala em perseverança. Ele é um dos defensores da obra. Até lá, os R$ 2 milhões previstos para a construção da ponte seguem parados.
– A gente vê tanto dinheiro sendo jogado na lata do lixo no nosso País e um estudo que vai viabilizar ainda mais o único porto do Rio Grande do Sul e toda a região litorânea dessa região. Vejam o significado dessa obra – reclama o parlamentar.
O estudo é apenas parte da necessidade. E não se acredita que o governo federal vá realizar a obra. Por isso, a expectativa é que a construção ocorra por meio de uma parceria público-privada (PPP).
Em 2012, a Superintendência do Porto de Rio Grande chegou a receber comitivas de duas empresas europeias: a portuguesa Globalvia e a holandesa Boskalis. Elas demonstraram interesse em realizar a obra. Porém, nada saiu do papel e tudo segue à deriva.