A Câmara de Vereadores de Caxias do Sul decidiu adiar, por cinco dias, a votação pela admissibilidade do pedido de impeachment do prefeito Daniel Guerra (PRB). O pedido foi protocolado na sexta-feira (25) e a Lei Orgânica do Município determina que solicitações do tipo sejam lidas e votadas na sessão seguinte. Ao todo a denúncia tem 288 páginas e 57 pontos.
A decisão pelo adiamento foi tomada a partir do pedido do líder do PTB, Adiló Didomênico. Ele se baseou em uma resolução do Supremo Tribunal Federal (STF) que permite que a análise ocorra em outra data. Por se tratar de uma decisão da Suprema Corte, ela se impõe à legislação municipal.
"Está se imaginando que ao votar a admissibilidade da denúncia nós estamos já julgando o prefeito. Não, longe disso! Nós não conhecemos nem o teor da denúncia. O processo entrou sexta-feira, já não tinha mais expediente na casa, praticamente, sábado e domingo não teve expediente. Qual a condição que temos de votar um processo dessa gravidade sem conhecer? Então, estes cinco dias vão servir para aprofundarmos a discussão e voltar com mais tranquilidade e serenidade dentro da responsabilidade que cabe a este parlamento", argumentou Adiló.
Durante a discussão do pedido, os vereadores de outras bancadas também se manifestaram. Elói Frizzo (PSB) disse que a Câmara não pode se precipitar, já que o impeachment é um processo grave. Para Rodrigo Beltrão (PT), o adiamento traz prudência e ajuda a acalmar os ânimos.
Durante a discussão, nenhum vereador da base aliada de Guerra se manifestou. Logo depois, à imprensa, o líder do governo, Chico Guerra (PRB) disse que o prefeito está bastante tranquilo com relação ao processo.
"Ele não está perdendo nem tempo para essa questão. Nós, da situação, votamos também pelo adiamento porque respeitamos nossos colegas. O texto é longo, são quase 300 páginas. Então, eles precisam se inteirar bastante do assunto. Agora, quanto à admissibilidade, minha posição, como a de alguns outros vereadores, vai ser contrária porque entendemos que em momento algum o gestor pisou em alguma ilegalidade", disse Guerra, que é irmão do prefeito.
Tumulto
Logo no início da sessão, houve tumulto entre manifestantes pró e contra Daniel Guerra. Munidos de cartazes e gritando palavras de ordem, o grupo assistia às discussões no plenário.
Os ânimos ficaram acalorados quando o vereador Edi Carlos (PSB) citou o pedido de impeachment no grande expediente, espaço de manifestações que antecede o início das votações.
Houve empurrões entre os manifestantes, mas ninguém chegou às vias de fato e os envolvidos se acalmaram em poucos minutos. Durante o tumulto e a análise do pedidos de adiamento, a sessão foi suspensa várias vezes.