Gaúcho de São Leopoldo, o médico Niveo Steffen é uma das maiores autoridades em cirurgia plástica no Brasil. Com mais de 30 anos de experiência, ele critica o grande número de profissionais colombianos que se dizem cirurgiões plásticos com certificados emitidos em instituições brasileiras. Nesta entrevista, Steffen avalia o problema:
Existe uma conexão do Facinepe/Facspar e os acontecimentos em Medellín. Estamos diante de um crime internacional?
Há preocupação muito grande dos colegas e das autoridades da Colômbia. Existe um número enorme de profissionais daquele país que se dizem cirurgiões plásticos com certificados emitidos por instituições brasileiras, mas não estão preparados para o exercício da especialidade.
De quais instituição educacionais no Brasil?
A maioria dos certificados era da Universidade Veiga de Almeida, do Rio de Janeiro. Mais de cem profissionais. E a Veiga de Almeida fechou o curso, fruto de um trabalho da SBCP, que chamou atenção para o problema.
O médico colombiano Daniel Correa, com certificado da Facspar, é suspeito de causar lesões em 12 pacientes. Uma outra vítima morreu.
É um fato gravíssimo. A América Latina tem dificuldade de controle desses profissionais por causa da corrupção.
Um advogado poderia ser orientador de trabalho de conclusão de um curso de cirurgia plástica como é caso da Facspar?
Isso não tem nexo. É uma situação absolutamente esdrúxula, como todo o caso.
O quanto esse fato afeta a imagem do profissional e da cirurgia plástica brasileira?
A repercussão é muito ruim para a nossa imagem. Temos pago um preço muito alto por procedimentos banalizados e realizados por não profissionais. Quando a mídia noticia a morte de uma paciente, automaticamente, o fato é associado à especialidade cirurgia plástica. Uma estatística feita em São Paulo mostra que 95% dos processos que chegam à corregedoria envolvem não-cirurgiões plásticos.