Mais recente fenômeno da política nacional e citado com frequência cada vez maior como possível candidato à Presidência em 2018, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), pediu apoio às reformas em discussão no Congresso ao abrir a 30ª edição do Fórum da Liberdade na Capital.
Convidado pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE), realizador do Fórum, para falar sobre o futuro da democracia, Doria negou qualquer pretensão eleitoral para 2018. Contudo, ovacionado pelas 2 mil pessoas que lotavam o centro de eventos da PUC-RS, apresentou um discurso de postulante ao Planalto ao atacar o PT e citar as realizações de seus primeiros 100 dias de governo. Em tom de apelo, convocou os empresários presentes – parte significativa do PIB gaúcho acomodada nas primeiras fileiras – a uma mobilização pelas mudanças na Previdência e na legislação trabalhista.
– Vocês têm de apoiar a reforma da Previdência de forma clara, a reforma trabalhista, senão a minoria ruidosa vai se sobrepor à maioria silenciosa. Vocês têm de ir a Brasília. Gritem, se articulem. O Brasil não pode ser uma república sindical. Mexam-se – conclamou.
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De terno escuro e sem gravata, Doria fez palestra enxuta e objetiva. Depois, respondeu a perguntas do presidente do IEE, Rodrigo Tellechea. Nos pouco mais de 45 minutos em que esteve no palco, foi aplaudido 13 vezes. Ao final, cercado por jornalistas e fãs, o tucano teve de ser escoltado por seguranças até conseguir deixar o prédio por uma porta lateral.
Logo na chegada, Doria contou como venceu as resistências iniciais dentro do próprio partido para conseguir disputar a prefeitura de São Paulo. Sem apoio dos principais líderes tucanos – à exceção do governador paulista, Geraldo Alckmin –, venceu as prévias e, mais tarde, conquistou a prefeitura no primeiro turno, vencendo o então prefeito Fernando Haddad (PT) e políticos tradicionais como Marta Suplicy (PMDB), Celso Russomano (PRB) e Luiz Erundina (PSOL). Segundo o empresário, seus méritos na vitória foram "falar a verdade e estabelecer propostas claras de governo".
Para o tucano, o sucesso de sua administração até agora – é avaliado como ótimo ou bom por 43% dos entrevistados pelo Datafolha, índice recorde no histórico de pesquisas do instituto - é fruto da adoção de técnicas modernas de gestão, a partir da composição de uma equipe competente e sem indicação partidária. Para zerar em 83 dias um déficit de 476 mil exames na rede de saúde, disse ter firmado 44 convênios com hospitais públicos e privados. A falta de medicamentos nos postos de saúde, segundo Doria, foi resolvida com doações obtidas junto a grandes laboratórios internacionais, o que teria gerado uma economia de R$ 128 milhões aos cofres públicos.
– Foi gestão, tudo gestão. Capacidade de enxergar o problema e encontrar a solução. É isso que a população espera dessa nova geração de políticos – resumiu.
De acordo com Doria, nos três primeiros meses de governo a prefeitura de São Paulo lançou 60 novos programas, a maioria no campo econômico e no desenvolvimento social. Agora, ele prepara um pacote de privatizações planejado para render R$ 7 bilhões ao município. Serão vendidos e concedidos à iniciativa privada patrimônios do município em 56 áreas de atuação, como parques, cemitérios, mercados, centros de exposições e de convenções.
– Vamos usar esse dinheiro para financiar saúde, educação, habitação popular, obras e infraestrutura. Prefeitura não tem que administrar mercado, isso a iniciativa privada faz muito melhor do que nós – justificou.
Empolgado, enfileirou críticas ao PT e ao ex-presidente Lula, a quem se referiu nas primeiras vezes como "aquele cidadão". Disse que os 13 anos do PT produziram um "desastre" e que não iria admitir que Lula voltasse em 2018 se apresentando como o salvador da pátria.
– Lula, você não é salvador de nada, você quase destruiu o Brasil. Não vou me calar, não vou me sentir amordaçado. Usarei todas as minhas forças, a minha voz para gritar que o meu país é o Brasil – discursou diante de uma plateia que, em seguida, gritaria palavras de ordem contra o PT.
No encerramento da exposição, questionado por Tellechea sobre seu futuro político, Doria disse que não vai abandonar a prefeitura de São Paulo antes do final do mandato, em 2020, e que não pretende disputar a reeleição. Ao concluir o pronunciamento, foi cercado de políticos. Prefeitos, deputados e vereadores disputavam uma selfie com o tucano. Ele ainda respondeu a algumas perguntas dos jornalistas em uma tumultuada coletiva, antes de sair por uma porta de emergência e embarcar em um Mercedez-Benz preto que o levaria ao aeroporto. No pátio da PUCRS, ainda teve de baixar o vidro do carro e conversar rapidamente com algumas pessoas que seguiam o veículo.
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SERVIÇO
O que: 30º Fórum da Liberdade
Quando: segunda e terça
Onde: Centro de Eventos da PUCRS (Av.Ipiranga, 6.681 – Prédio 41)
Inscrições: forumdaliberdade.com.br
Quanto: R$ 60 para estudantes, R$ 120 para profissionais e R$ 280 para executivos
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A PROGRAMAÇÃO
Segunda
15h – Palestra inaugural
João Doria (PSDB), prefeito de São Paulo
16h – Solenidade de abertura
17h30min – Perspectivas para o Brasil
Eduardo Giannetti, PhD em Economia pela Universidade de Cambridge
Pedro Malan, presidente do Conselho Consultivo Internacional do Itaú Unibanco
19h – Lançamento de projetos: Unconference e Ideias para o Brasil
Apresentador: Paulo Fuchs, vice-presidente do IEE
19h15min – Novos tempos
Diogo Costa, diretor do Instituto de Inovação & Governança (Indigo)
Fernando Holiday (DEM), vereador de São Paulo e coordenador nacional do Movimento Brasil Livre
Luciano Potter, jornalista do Grupo RBS
Terça-feira
9h30min – Empreender, criar e inovar
Felipe Camozzato (Novo), vereador de Porto Alegre
Marília Rocca, diretora-geral da Ticket Benefícios, grupo Edenred
Tom Palmer, vice-presidente de programas internacionais da Atlas Network, diretor do Centro para Promoção de Direitos Humanos e diretor da Cato University
11h – Lançamento do livro Pensamentos Liberais
11h20min – As origens da prosperidade
James Robinson, economista e cientista político
14h – Lançamento do documentário Poverty Inc.
14h10min – Economia: liberdade ou intervenção
Lawrence Reed, presidente da Foundation for Economic Education
Fabio Ostemann, mestre em Ciências Sociais e presidente Estadual do PSL/RS
Helio Beltrão, fundador-presidente do Instituto Mises Brasil
15h40min – Cultura da democracia
Eduardo Wolf, secretário adjunto da Cultura de Porto Alegre
Luiz Felipe Pondé, filósofo e colunista do jornal Folha de S.Paulo
Ricardo Gomes, secretário de Desenvolvimento Econômico de Porto Alegre
17h10min – Solenidade de entrega dos prêmios Liberdade de Imprensa e Libertas
Liberdade de imprensa: Felippe Hermes, do site Spotniks
Libertas: David Vélez, fundador e CEO do Nubank
18h10min – Os limites da democracia
Adriano Gianturco, professor de Ciência Política do Ibmec-MG
Jeffrey Tucker, diretor de conteúdo da Foundation for Economic Education
Marcelo Rech, vice-presidente Editorial do Grupo RBS