Após renunciar ao mandato, o vice-prefeito de Caxias do Sul, Ricardo Fabris de Abreu (PRB), comentou a decisão em deixar o cargo. Ele diz que não tem problemas com a administração e que será mais útil em sua função como servidor na Justiça do Trabalho.
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– Decisão pessoal minha, não tem nenhum problema com a administração ou com o prefeito. Já vinha pensando há algum tempo e não creio que vá fazer falta para a administração. Com o prefeito Daniel está tudo bem encaminhado, está tomando as decisões que tem que ser tomadas. Vou ser bem mais útil na Justiça do Trabalho – justificou.
Fabris deixou a carta de renúncia na recepção da Câmara de Vereadores no final da tarde desta segunda-feira. O documento ainda não foi protocolado, pois o setor já estava fechado quando ele entregou a carta. No documento, Fabris diz que permanece no cargo até o dia 31 de março.
Em nota, o prefeito Daniel Guerra (PRB) informou que acata a decisão do vice. "Recebemos o comunicado nesta tarde e respeitamos a decisão pessoal de Fabris", diz Guerra no comunicado.
Abaixo, confira a entrevista do vice-prefeito ao Pioneiro:
Pioneiro: Por que o senhor tomou essa decisão?
Ricardo Fabris de Abreu: Decisão pessoal minha. Não tem nenhum problema com a administração ou com o prefeito. Já vinha pensando há algum tempo e não creio que vá fazer falta para a administração. Com o prefeito Daniel está tudo bem encaminhado. Ele está tomando as decisões que têm que ser tomadas. Não vai fazer diferença a presença do vice-prefeito. Tenho certeza que vou ser bem mais útil na Justiça do Trabalho.
Desde quando o senhor havia pensado em renunciar? Vinha pensando desde janeiro, desde o momento da posse. Por que aceitou concorrer?
Para ajudar a eleger o Daniel Guerra prefeito. A pessoa mais adequada para administrar a cidade é ele. Para ajudar na campanha. A minha ausência não vai fazer diferença. Tem o secretariado montado, tem o prefeito que administra tudo bem.
A decisão não foi precipitada?
Nesses 60 dias, consegui administrar um bom trabalho na área da segurança pública. Com o secretário (José Francisco) Malmann, encaminhamos vários projetos. Passei para o prefeito diversos memorandos com sugestões em áreas distintas da administração e acho que está de bom tamanho. Não vejo por que postergar essa decisão. O momento é agora e eu permaneço até o final do mês porque tenho vários documentos a compilar e passar para o prefeito. Depois me retiro.
O que foi decisivo para a sua renúncia?
Já havia manifestado ao prefeito que eu pensava em renunciar. Pensava em fazer isso mais adiante. Ele já tinha sido informado informalmente. Esse momento é tão bom quanto qualquer outro.
Há quanto tempo havia comunicado ao prefeito o desejo de deixar a prefeitura?
Faz mais de 30 dias que conversamos.
Qual foi a resposta do prefeito?
Ele pediu para eu pensar bem a respeito, disse que eu não deveria sair e deveria ficar. Perguntou se a decisão era definitiva. Para eu refletir bastante a respeito.
Teve algum fato que influenciou a sua saída?
Não tem nenhum fato e nenhum elemento que tenha precipitado. Nosso relacionamento é muito bom e continuará sendo. Me coloquei à disposição no que puder auxiliar o município com as ideias que tenho. Estamos estreitando laços de amizade e isso não vai mudar.
Há divergências políticas entre o senhor e o prefeito?
Não. Não há divergências políticas. Continuo filiado ao PRB e isso não vai mudar.
O senhor teve algumas divergências com o prefeito antes mesmo de tomar posse?
Isso pertence ao passado. Já dei entrevistas sobre isso e talvez tenha sido superdimensionada. Quando falei que não sou subordinado ao prefeito, estava tratando de questões legais de direito eleitoral e constitucional porque não existe nenhum tipo de subordinação. A nossa relação é de representação. Há uma decisão que estava sendo amadurecida. Não me sinto confortável nessa posição. Tenho quase 34 anos de carreira no Judiciário e essa mudança foi brusca e não me sinto confortável e não é o que eu quero para mim como profissão. Prefiro retornar e fazer o trabalho que fazia.
Alguma decepção com o meio político?
Não. Eu tive oportunidade de conhecer muitas pessoas, muitas coisas da administração. Prestei a minha colaboração nesses dois meses. Continuo achando que a política tem que crescer e ser desenvolvida, que haja mudanças. Talvez a minha saída seja favorável para a administração e vejo com bons olhos a política. A política tem mudado muito no Brasil. Vejo como marco disso os movimentos de rua em julho de 2013 até agora. As pessoas discutem mais política, cobram dos políticos. Aquilo que ocorreu me trouxe à vice-prefeitura. Decepção não, eu tenho esperança que a política esteja melhorando.
O senhor pretende disputar outro cargo eletivo?
Não. Não tenho nenhuma pretensão de concorrer a nada.
O senhor deixa alguma contribuição para a cidade?
A minha atuação lá na Justiça do Trabalho que ensejou essa decisão com relação à greve dos médicos, as decisões entrelaçadas que tivemos lá. Fiz vários estudos sobre as tarifas de ônibus que entreguei ao prefeito. E a maior colaboração tem sido a proximidade com as forças de segurança e ter plantado essa semente da municipalização da polícia e quem sabe a criação de uma polícia regional, que são projetos que continuarão sendo desenvolvidos pelo secretário Malmann.
O que gostaria de ter feito e não deu tempo?
Gostaria de ter trabalhado mais com a Maesa, um elemento arquitetônico pelo qual eu sempre tive grande apreço. Lamento não poder ter participado mais e não ter tido tempo para a finalização do trabalho da Maesa.
Mas o senhor poderia continuar no cargo...
Sim, mas foi uma decisão muito pensada e quero retomar a minha carreira profissional. O prefeito está realizando tudo aquilo que se comprometeu. Tivemos um bom começo.