O empresário Henrique Constantino, um dos acionistas e co-fundador da Gol Linhas Aéreas, afirmou que fez pagamentos para o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ao corretor Lúcio Funaro, ambos presos na Operação Lava-Jato, em troca de ajuda na liberação de valores do FGTS, de acordo com o jornal O Estado de S.Paulo.
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Ainda segundo a reportagem, Constantino disse que o ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) estaria na reunião onde os pagamentos foram definidos.
As declarações de Constantino foram dadas em acordo de colaboração com os investigadores de Curitiba e Brasília. O empresário decidiu falar com as autoridades após ser citado nas operações Sépsis e Cui Bono? e no pedido de prisão de Eduardo Cunha.
Constantino pretende se livrar de problemas na Justiça como pessoa física, pois a Gol assinou acordo de leniência e assumiu os crimes praticados pela empresa. Na negociação, a empresa aérea entrou em acordo para pagar R$ 5,5 milhões para reparação pública, R$ 5,5 milhões como multa e mais R$ 1 milhão pela condenação.
As afirmações do empresário vão ao encontro com a versão de Fabio Cleto, ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa. Cleto confirmou ter recebido propina para liberar aporte de R$ 300 milhões do FI-FGTS para a ViaRondon, empresa da família Constantino.
Conforme a força-tarefa da Lava-Jato, empresas de Constantino fizeram ao menos dois pagamentos de R$ 246 mil para a Viscaya Holding, de Funaro, em agosto de 2012. A Caixa liberou os R$ 300 milhões para a ViaRondon no mesmo ano.
O Ministério Público afirma que foram identificados pagamentos que somam cerca R$ 3 milhões, entre julho e setembro de 2012 e em maio de 2015, para as empresas Jesus.com e GDAV, ambas ligadas a Cunha.
Por meio de sua assessoria, Constantino afirmou que está à disposição das autoridades. Ticiano Figueiredo, advogado responsável pela defesa de Cunha, afirmou que "desconhece o teor do depoimento, causando espécie que a imprensa já tenha tido acesso a essa informação sem que esteja disponível para os advogados".