Correção: Os maiores índices de tratamento são registrados em Torres e Capão da Canoa, e não em Terra de Areia e Balneário Pinhal, como informado anteriormente pela Corsan. A companhia corrigiu a tabela enviada à Rádio Gaúcha.
Municípios do litoral gaúcho tratam, em média, apenas 10,90% do esgoto produzido pelos moradores. O levantamento obtido pela Rádio Gaúcha leva em conta 16 cidades atendidas pela Companhia Rio-grandense de Saneamento (Corsan) na região.
Os maiores índices de tratamento são registrados em Torres (55,88%) e Capão da Canoa (55,23%). Praias que recebem grande público, como Cidreira e Imbé, têm tratamento perto de zero.
O diretor-presidente da Corsan, Flávio Presser, diz que uma das dificuldades é ambiental.
"A Fepam (Fundação Estadual de Proteção Ambiental), que fez um estudo e um levantamento ecológico/econômico no passado, não nos autoriza a fazer lançamentos nas lagoas e canais de interligação", diz.
Segundo ele, há no litoral somente um ponto autorizado para lançamento de efluentes, que é no Rio Tramandaí. Presser diz que um plano de intervenção foi elaborado, dividido em duas partes – uma para atender as cidades mais populosas, chamadas de "zona crítica", e outra para atender praias consideradas pequenas.
"Nesta zona crítica, nós já estamos em grande parte realizando estações de tratamento que vão ter como destino final de seu efluente a infiltração no solo, que nos é permitido pela Fepam", conta.
Capão da Canoa (Foto: Lauro Alves / Agência RBS)
Obras previstas
Uma dessas estações está em construção em Capão da Canoa. Há ainda previsão para início da obra de outra em Tramandaí e a modernização de uma terceira em Xangri-lá. As três vão tratar pelo método de infiltração no solo.
Também está em obras uma estação de tratamento em Imbé. Neste caso, os efluentes tratados serão lançados no Rio Tramandaí.
Presser afirma que não há esgoto sendo lançado no mar, porque não é permitido. Mas admite que alguns lançamentos irregulares podem estar ocorrendo.
"Que pode ter interferência de (esgoto) cloacal. Porque muitas casas antigas, como não tinham rede coletora do tipo separador absoluto ainda, para fazer o lançamento dos seus efluentes, geralmente tinham fossa. E a saída da fossa era para a rede pluvial. Então tem mistura na rede pluvial", diz.
Para as praias pequenas, será utilizada fossa séptica e filtro. As prefeituras ficarão responsáveis por limpar com frequência essas fossas. O lodo coletado será tratado na estação de Capão da Canoa.
Presser afirma que o objetivo da Corsan é tratar 100% do esgoto do litoral até 2025. O investimento de R$ 117 milhões está assegurado, segundo ele. O total até 2025 é de R$ 225 milhões para obras.
O prefeito de Imbé, Pierre Emerim da Rosa, lembra que a ausência de tratamento de esgoto gera uma grande transtorno aos moradores.
"E hoje, em razão do lençol freático ser muito alto aqui no Litoral, principalmente em épocas de chuva, isso traz grandes consequências, porque dificilmente funciona uma residência com o sistema de filtro e fossa".
O prefeito também lamenta a existência de ligações clandestinas.
"Estamos tratando isso com muita fiscalização. Mas a gente sabe que alguns locais, principalmente próximo ao rio e ao mar, infelizmente a população acaba ligando o esgoto na rede pluvial, que é uma forma inadequada".
Índices de tratamento:
ARROIO DO SAL - 0%
BALNEÁRIO PINHAL - 0%
CAPÃO DA CANOA - 55,23%
CAPIVARI DO SUL - 0%
CIDREIRA - 5,64%
IMBÉ - 0,51%
MOSTARDAS - 0%
OSÓRIO - 0,53%
PALMARES DO SUL - 0%
SANTO ANTONIO DA PATRULHA - 0%
TAVARES - 0%
TERRA DE AREIA - 0%
TORRES - 55,88 %
TRAMANDAÍ - 28,04%
TRÊS CACHOEIRAS - 0%
XANGRI-LÁ - 28,67%